16 outubro, 2022

[:] OFICINA DE LEITURA CURUMIM


A primeira experiência. (Senta que lá vem história...)

Hoje vou estrear um  #tbt aqui no blog e trazer um  um pouco de alguns momentos importantes destes 11 anos de trajetória na educação. 

O ano era 2008 e foi com a "Oficina de Leitura e Contação de Histórias Curumim", que comecei minha trajetória nos caminhos da educação. Eu estava bem no começo faculdade de Letras e ainda trabalhava na área comercial, era promotora da divisão marketing de uma grande instituição internacional e desenvolvi este projeto numa das unidades de assistência social da instituição. Era um trabalho voluntário realizado na minha hora de almoço. A proposta era contar histórias para as crianças  assistidas pela instituição e promover atividades que as estimulassem a criar e contar suas próprias histórias. 

O primeiro dia foi inesquecível. As crianças estavam empolgadíssimas e eu também, afinal, havia passado semanas preparando os materiais que seriam utilizados, escolhendo histórias, ensaiando, pesquisando muito a respeito, e claro, puxando da memória todas as experiências incríveis de contação de histórias que eu mesma já havia vivenciado quando criança. 

Despois que nos apresentamos, nos organizamos para começar. Cantei uma música e peguei o baú de histórias para puxar a história "sorteada", fazendo todo um mistério e criando aquele clima que dialogava com a expectativa do momento.  Quando desenrolei o pergaminho e anunciei o título "O Patinho feio", um bracinho se estendeu no meio da multidão e já foi logo dizendo:
    -Tia, eu já conheço essa história. 
E de repente um coro de "eu também" começou a ecoar. Meu coração palpitava e por alguns segundos a única coisa que consegui dizer foi: 
    - É mesmo?! - E olhava desesperadamente para aqueles rostinhos tentando encontrar uma saída para tal embaraçosa situação. Foi quando de repente soltei um "ah, mas esse é outro patinho, um bem mais feio do que essa história que vocês conhecem";  e num gesto de impulso e nervosismo comecei a inventar uma história ali na hora. Mas para não perder a atenção deles, pedia para que  me ajudassem e conforme ia apresentando o "novo patinho", perguntava o que eles achavam que iria acontecer e mediante as respostas dadas, fui costurando uma história que improvisadamente ficou ao gosto do leitor. Ufa!


Quando acabou eles aplaudiram e sorriram, alguns vieram me abraçar. finalmente respirei aliviada e feliz por ter conseguido salvar a contação de histórias e garantir a alegria do dia. 
Depois os convidei para ilustrar a história que tínhamos acabado de inventar. 

Neste dia senti algo muito especial, como quem encontra sem querer um caminho, mas ainda não faz a menor ideia de como trilhá-lo. Aprendi tanto nessas poucas horas, mas o que ficou mais evidente pra mim com essa experiência foi ver que as crianças sentem quando estamos fazendo algo de coração, com entrega e respeito por elas e isso faz toda diferença para que um trabalho seja bem sucedido. 

E se você um dia passar por uma situação parecida, não permita que o medo de falhar boicote a tua criatividade. Respire fundo, improvise e faça algo de coração. 


Inté!

21 abril, 2020

[:] VOLTA ÀS AULAS EM MEIO À PANDEMIA!



Recesso antecipado, volta às aulas sem sair de casa, ensino remoto, como assim? Socorro!

Toda essa nova situação em que nos encontramos, nessa volta às aulas em meio a uma pandemia, tem me levado a pensar nos meus primeiros dias como professora, ou até mesmo como estudante de licenciatura.

Um novo ano letivo, mais surpresas. 

E este ano de 2020 está sendo o campeão das surpresas e desafios. Quando recebemos a notícia do isolamento social e antecipação dos recessos por causa da pandemia de COVID-19, senti um baque forte. E agora pensar nessa volta às aulas em trabalho remoto é desfiador, pois eu adoro a sala de aula mesmo com todos os problemas que nos envolvem. Adoro estar ali, adoro falar olhando nos olhos dos alunos, ver suas expressões, suas caretas quando não estão gostando da aula, etc. É uma energia muito intensa, muito vivaz.  E esse pacotinho de surpresas, além de esse nos sujeitar a esse isolamento social,  agora nos coloca este novo desafio de trabalhar remotamente.

Ao sentar diante do computador para começar a organizar esse trabalho remoto, me senti exatamente como há 10 anos quando comecei minha jornada como professora, completamente perdida. E olha que eu até me dou bem com as novas tecnologias, aprendo rápido e usar essas ferramentas digitais não é um problema. Só que na minha visão progressista de educação, uma aula não pode ser só técnica. Uma aula que inspire, que provoque o pensar e instigue a curiosidade pelo assunto desenvolvido, tem outras nuances que vão além da técnica. Tem emoção, tem sentimento, tem afeto. E foi aí que minha canoa encalhou, como ser progressista nesse mundo virtual, dentro dessas circunstâncias em que estamos vivendo? Como transpor para as máquinas toda vivacidade do trabalho cotidiano? Acho que isso não seja possível e talvez nem seja o propósito neste momento emergencial. Mesmo assim, sinto-me um pouco desajeitada  ou até mesmo despreparada diante desse novo modo de trabalho. Enquanto aluna, já fiz e faço vários cursos a distância. Muitos deles foram realmente bons e marcantes na minha formação. Mas na condição de professora, a coisa muda de figura. Tudo muito novo, tudo muito diferente.

A sensação até este momento é de total aflição. Por mais que se diga que  o trabalho remoto é apenas uma situação provisória e emergencial, o fato é que não podemos ter certeza disto. Estamos lidando com uma pandemia nunca vista antes na história, os estudos mais recentes sobre a COVI-19 mostram que quando as primeiras cidades que entraram em quarentena, depois flexibilizam o isolamento social, a propagação e contaminação subiu novamente. Acredito que este é um dado de suma importância que nós professores não podemos ignorar, pois a flexibilização do isolamento não pode e nem deve ser uma opção para a educação. Sobretudo, para nós que trabalhamos na rede pública com salas lotadas e sem estrutura adequada para a circulação de ar.

Diante desta reflexão, penso que a escola provavelmente será o último lugar a voltar "ao normal". Ou pelo menos assim deveríamos estar pensando, para que não coloquemos nossas vidas e de nossos alunos em risco. Por mais complicado e desafiador que seja ficar em casa e iniciar esse aprendizado com "trabalho remoto", cientes de que não poderemos oferecer a mesma qualidade de ensino, já que não estamos numa estrutura de EAD e sim improvisando com as ferramentas disponíveis que dominamos, ficar em casa e encarar esse desafio de cabeça erguida, é o melhor que temos a fazer. Mesmo que seja por um tempo indeterminado. Mesmo arcando com os projeuízos que virão. Pois, levando em consideração os números de mortes que vem aumentanto a cada dia no Brasil e no mundo, tudo o que eu menos gostaria de vivenciar neste momento é me arriscar, ou pior arriscar a vida das pessoas, jovens e crianças, com quem trabalho e convivo. Eu acredito que a vida, vale mais do que qualquer um desses prejuízos!

E para concluir, se por um lado penso que não podemos temer o novo, por outro lado não consigo subestimá-lo. Talvez a melhor saída desse encalho em que nos encontramos, seja mesmo manter a calma. Estudar, aprender sobre esse novo e principalmente manter o foco no meu propósito inicial. Escolhi ser professora, então vamos adiante e encarar mais esse estorvo no caminho.

Compartilho esta reflexão como um convite ao diálogo, pois acredito que nesse momento de tantas incertezas e inseguranças uma boa conversa pode nos ajudar a manter o foco e o equilíbrio. Foi com uma boa conversa que sobrevivi à primeira situação desafiadora da minha jornada como professora, então me coloco sempre à disposição dos educadores e educandos que querem conversar e refletir coletivamente. 

Bora se ajudar gente e bora superar mais essa! 
Afinal, somo professores e sabemos como matar um dragão por dia!


Karina Guedes

26 maio, 2015

[:] ECONTRO DE EDUCADORES DO PROJETO POPULAR

Sobre fortalecimentos e inspirações.

Participar do encontro com os Educadores (as) do Projeto Popular, foi muito intenso e inspirador. Um encontro de angústias, ideias e esperanças. Reflexões e conjunturas sobre o atual estado da nossa educação pública e a greve. Diálogos entrelaçados por sonhos e alianças, simbolizando e esperançando alternativas, caminhos, percursos.

É muito bom olhar para o lado e não se ver só, pois a caminhada é árdua, dura e longa. Queremos mudanças verdadeiras, concretas, que realmente reorganize a injusta geografia das coisas, para tal objetivo precisamos de organização e união. E foi justamente o senso de coletividade, que mais me chamou a atenção no grupo desde o início. A coletividade proporciona a sensação de segurança, que por sua vez é uma base forjadora de coragem, tão necessária nesse momento.

Acredito muito na vibração das pessoas, cada um vibra de um jeito. Algumas vibrações se encontram, outras não. Tal como as cores, algumas pessoas no provocam emoções positivas e outras negativas. Vejo que nesse nosso encontro de sábado houve uma total sintonia e harmonia entre ritmos e coloridos.  Vibramos juntos, combinando estratégias e alinhando posturas para alcançarmos alguns objetivos em comum. Dentre eles, uma educação pública de qualidade que empodere o cidadão, a cidadã e atenda as demandas de cada grupo social cruelmente excluído pela sociedade capitalista.

É difícil encontrar palavras para descrever tamanho contentamento e felicidade que senti nessa tarde de sábado. Talvez poderia resumir tudo em apenas uma: gratidão!

Com muito xêru!
Inté e Axé!

Karina Guedes



16 abril, 2015

[:] Porque os professores de São Paulo estão em greve há 32 dias?

A pauta de reivindicações é extensa e angustiante. É importante ressaltar que os professores pedem não apenas reajuste salarial, mas também melhores condições de trabalho, o que implica em melhores condições de estudo para os estudantes. Por exemplo, ao pedir que sejam matriculados apenas 25 alunos por sala, uma vez que é impossível desenvolver qualquer trabalho significativo nas atuais turmas de 45-50, quem se beneficia é principalmente o estudante. Pois, terá aulas com mais qualidade e um melhor aproveitamento de estudos. E é esse o ponto mais importante a ser observado, toda a luta do professor é para que ele simplesmente consiga trabalhar, consiga lecionar e cumprir o seu papel de agente transformador da sociedade. Talvez isso incomode tanto, né? Porque nosso trabalho é ajudar o jovem a desenvolver o pensamento e construir conhecimentos. A quem interessa uma juventude pensante?

Sim, é verdade que a remuneração justa é parte fundamental da pauta. Quem estaria satisfeito em ter cursado ensino superior e nas atuais condições impostas pelo governo estadual de SP, receber menos do que qualquer outro servidor público com o mesmo grau de formação? A equiparação salarial é uma forma de respeitar os direitos trabalhistas do professorado.

Outra reivindicação é o fim do corte de verbas que as escolas sofreram no início do ano. Em janeiro, o governo estadual cortou 30% de uma das principais verbas que as escolas recebem para a manutenção geral dos prédios e compra de material de uso diário. Em algumas escolas falta até papel higiênico. Isso é um absurdo, uma vez que moramos no estado que arrecada o maior PIB do país. 
O governo alega que o corte geral nas verbas dá–se por conta da atual crise. O cômico desse argumento é que nesse mesmo ano de 2015, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) aumentou o seu próprio salário e de seus secretários, que já são salários equiparados com os dos outros parlamentares de outros estados, só pra lembrar. Outra justificativa que vem sendo repetida como um mantra na grande mídia,  é que nos últimos quatros anos foi feito um reajuste de 45% no salário dos professores, mas ninguém explica que esse valor diluído ao longo desses quatro anos não supera a inflação, ou seja, não adiantou nada, os professores ainda ganham menos do que deveriam ganhar. 

No entanto, como já foi dito, a greve não é apenas por causa do reajuste salarial e questões financeiras, é também por uma escola onde seja realmente possível estudar e trabalhar. As escolas da rede estadual de SP, sobretudo as escolas periféricas encontram-se abandonadas.
As degradações são muitas, o desestruturado sistema de ensino no qual os professores dessa rede são obrigados a trabalhar, apresenta inúmeras falhas que comprometem não apenas o aprendizado do estudante mas também a saúde física e emocional do professor. 

Hoje, temos em todo o estado muitos professores afastados por doenças decorrentes da pesada e desumana carga de trabalho, pois para complementar a renda, uma vez que o salário base é insuficiente, são obrigados a duplicar sua jornada trabalhando nas redes de ensino particular, ou até mesmo em outras áreas como: o comércio ambulante na venda cachorro quente, pipoca, artesanato, etc.

Dentre os argumentos furados, com que o governo paulista tenta justificar sua negligência, está o tal bônus que alguns professores receberam. O atual sistema de bonificação, que funciona na realidade como um sistema de produção de analfabetos funcionais, não atende as necessidades financeiras. e atinge a estrutura de ensino. Uma vez que em função de se cumprir as metas estabelecidas para o recebimento do tal “bônus”, as escolas precarizam as práticas de ensino e aprendizado, limitando –se a decoreba das famosas apostilas. Ora, decorar não é saber. Quem decora, esquece. Quem que aprende, sabe para a vida toda. Uma amostra dessa incoerência, é que as mesmas escolas que ganham tal bonificação, colocam todo ano no mercado de trabalho centenas de analfabetos funcionais. Ou seja, se tivessem aprendido de verdade, dentro de uma proposta pedagógica que visasse a construção do conhecimento, dificilmente teríamos que encarar esse dado nefasto. 

Eu poderia ficar aqui por páginas e páginas relatando os problemas e dificuldades que o professor, que se encoraja a trabalhar numa escola pública, enfrenta atualmente. Mas preciso citar outras coisas.
O fato indiscutível aqui é que motivos para entrar em greve não falta, senhor governador!!!
Os professores entraram em greve porque não tiveram outra alternativa. Afinal, como mostrar ao seu empregador que você não vai se sujeitar a trabalhar de forma quase que escrava? 

Desde o dia 13, mas de 30 mil professores estão longe das salas de aulas, levantando o movimento grevista em todo o estado, essa greve vem se tornando uma verdadeira queda de braço entre empregador e trabalhador. O governo por sua vez, vem tomando algumas medidas estapafúrdias na tentativa de enfraquecer e desmoralizar o nosso movimento. A começar, pelo silêncio da mídia que trabalha a seu favor. Desde o início da greve vários atos e protestos têm acontecido em todo o estado, mas a imprensa a mando de seu capataz, simplesmente finge que não está acontecendo. A imprensa golpista, simplesmente não fala da greve e quando fala é a favor do governo, repetindo o mantra do reajuste fictício dos 45%.  Todavia, através da internet com seus blogs de mídia alternativa e redes sociais, o movimento ganhou força e repercussão nacional. 

Na tentativa de tentar esconder a greve dos olhos da população, o governo estatual, tomou algumas medidas como: 
  • O lançamento de um cadastro emergencial para que qualquer estudante desde o primeiro ano, de qualquer curso universitário, possa atuar como professor eventual em nossas escolas. Dessa maneira, os estudantes não teriam motivos para faltar e fortalecer o movimento. Porém, o que poucos sabem, é que essas aulas não acontecem, simplesmente porque essas pessoas não têm preparo nenhum para lecionar. Pense bem no absurdo dessa medida, você faria uma cirurgia com um estudante do primeiro ano de medicina? Deixaria seu filho fazer? Então...
  • Como se não bastasse, as escolas receberam uma circular vinda das diretorias de ensino, onde o diretor é obrigado a colocar eventual em sala de aula, ou na falta de um ir ele mesmo dar aula. 
  • Alguns pais estavam se recusando a deixar seus filhos irem para escola apenas para matar o tempo, uma vez que essas aulas com eventuais não estão acontecendo de fato. A resposta veio na lata, as escolas receberem um documento da secretaria da educação dizendo que se não levasse seus filhos na escola, o conselho tutelar seria acionado. 
Além dessas ações de assédio moral, o nosso governador insiste em ignorar a greve dos professores, dando declarações na mídia de que a greve não existe ou que todo esse movimento é injustificado. 
Ora, se depois de tudo o que foi relatado aqui, alguém em sã consciência concordar com essa estupidez do governador Geraldo Alckmin (PSDB), receio que o futuro do nosso sistema de ensino não só está comprometido, como não existe. Morreu e nos esquecemos de enterrá-lo.



A pauta completa no cartaz da APEOESP:


01 março, 2015

[:] EDUCAR É CONTAGIANTE! Uma trajetória.

Querido visitante,

Este blog é destinado aos educadores que estão dispostos a exercer seu papel de agente transformador da sociedade, fazendo da educação e da arte importantes ferramentas na luta contra as desigualdades sociais.

A ideia primária do "Projeto Educar é Contagiante", é ter um ponto de encontro para partilha de reflexões, para compartilhamento informações que acrescentem nossa formação, ou seja, uma ponte para o diálogo, troca de ideias e ações coletivas.

Por motivos diversos, acontece de em alguns momentos nos sentirmos sozinhos em nossa jornada como educadores, seja nas unidades escolares e espaços educativos em que atuamos ou nos momentos em que paramos para refletir sobre nossa trajetória, o que já tentamos e onde queremos chegar.
As demandas do cotidiano nas práticas educativas são muitas e também complexas, tornando difícil manter o entusiasmo sempre. Sendo assim, é importante o encontro com parceiros cujas ideias e ideais são semelhantes ou iguais ao nossos. Para que possamos somar, crescer e fortalecer nossas bases e continuar na luta. A carreira no magistério não é fácil, é uma vida de luta diária, do micro ao macro, lutamos por uma aula melhor, uma escola melhor, uma sociedade melhor, mais justa e igualitária. Trata-se de uma luta árdua e diária. Foi pensando em tudo isso, que esse blog nasceu.

 E de onde vem o "Educar é Contagiante"?

Bem, senta que lá vem história...

Desde de 2007/ 2008, quando eu ainda estava na faculdade, venho tentando fazer esse projeto de blog/ponte/ liga/roda de conversa, acontecer. A ideia surgiu a partir da imensa insatisfação que eu sentia com aulas de "Práticas de Ensino" na facul, cuja proposta pedagógica contemplada no currículo acadêmico estava longe de ser transformadora. E eu não sabia exatamente porquê mas na minha cachola, educação tem que ser uma prática transformadora e todo aquele monte de boboseira sobre burocracia escolar que nos era passado não tinha nada de prático e muito menos de transformador. Sério, era uma coisa surreal os assuntos abordados neste disciplina, óbvio que o que era colocado ali era muito mais a visão limitada da professora em questão do que o propósito mesmo da disciplina, mas enfim, não rolou.

Ao conversar com outros colegas percebi que essa insatisfação não era somente minha, então surgiu a ideia do blog para trocas de ideias e compartilhamento de informações relacionadas à educação. Foi difícil conseguir parceiros, pois apesar das angústias coletivas cada um tinha seus interesses e projetos pessoais e  escrever para um blog dá trabalho e toma tempo. Mesmo assim, alguns colegas entraram para o projeto e contribuíram muito!! Desde a publicação de posts à encontros presenciais com ideias e trocas riquíssimas. Durante o período em que estávsmos todos na faculdade, o "Projeto Educar é Contagiante" fluiu bem e foi muito interessante as trocas e vivências com cada pessoa que somou e contibui com essa ideia.

 A vontade de atuar de forma transformadora em sala de aula triplicou quando participamos de um Curso de Formação em Educação Popular, oferecido pelos alunos do DAMAC (Diretório Acadêmico Mackenzie) em parceria com o Instituto Paulo Freire. Pessoas incríveis de falas inspiradoras como Júnior Pacheco (Instituto Paulo Freire) e Márcio Farias (Estudante de Pedagogia- Makenzie), conseguiram nos contagiar e nos apontar caminhos absolutamente possíveis para o tipo de educação em que acreditamos. A última aula sobre projetos e sistematização foi incrível. Saímos de lá muito empolgados e o nosso projeto que já estava germinando ganhou corpo e forma. E a partir daí nos colocamos o desafio de concretizar algumas ações, inclusive de tentar levar para a faculdade o nosso Projeto Educar é Contagiante! e organizar rodas de conversas com os estudantes das outras licenciaturas, para termos trocas e reflexões mais aprofundadas sobre educação e tals.

Mas infelizmente nessa iniciativa não obtivemos êxito, a visão da faculdade particular em que estudávamos não estava alinhada com o que nós estudantes contagiados pelo bichinnho da educação progressista e transformadora estávamos buscando, então continuamos seguindo nossos estudos aprofundados sozinhos. Afinal, depois do Curso de Educação Popular que fizemos, ficou ainda mais claro que é preciso uma conscientização mais profunda dos estudantes de cursos de licenciatura, para que eles saiam da faculdade conscientes de seu papel de agente transformador da sociedade e mais preparados tanto para enfrentar os desafios do cotiadiano escolar, que são muitos, assim como do magistério como um todo.

Depois da faculdade veio dura realidade da vida de professor...

Apesar de toda a vontade de transformação de todos educadores que somaram com esse projeto, nem todos puderam continuar a caminhada aqui. Cada um com seus motivos pessoais, foram partindo e buscando outros caminhos. Bem, eu fiquei! Afinal foi da minha cachola que saiu a ideia de criar um projeto, um blog e tals. Senti que seria minha missão continuar ao menos com o blog e ir organizando ações na medida do possível. Muita coisa aconteceu desde a época da faculdade e pelo projeto ter tomado um novo rumo, muitos posts antigos que traziam questões pertinentes à aquele momento inical foram retirados. Mantive apenas aquilo que ainda é pulsante e tangente para nossas reflexões atuais.

Hoje em dia uso este espaço aqui no blog para compartilhar minhas experiencias e reflexões como educadora. Obviamente a porta estará sempre aberta para o retorno e retomada das parcerias.
E aproveito para deixar aqui aqui o convite aos educadores que simpatizam com as ideias colocadas e queiram de alguma forma contribuir, participar e dialogar. O Projeto Educar é Contagiante! é acima de tudo um agito em constante transformação e que está na luta por uma educação de qualidade, igualitária e popular para todos e todas!

Bora somar!

Um forte abraço.

Karina Guedes
Sonhadora de nascência, professora por opção. ;-)


Contato: paulofreirar@gmail.com

08 fevereiro, 2015

[:] NOVAS TECNOLOGIAS NA APRENDIZAGEM . CURSOS GRATUITOS

"A escola não deveria estar à parte do mundo real, que hoje é digitalizado." 

 Hummm, você concorda com a frase acima? Vamos refletir sobre isso...

Quando falamos em tecnologia pensamos automaticamente nas coisas do nosso tempo e nos atentamos ao que é digital, porém nos esquecemos de que a tecnologia acompanha o ser humano desde sua existência. Sempre construímos tecnologia, desde um simples objeto de corte, roda, escrita, até foguetes espaciais. Tudo o que construímos para tornar a vida mais fácil, mais dinâmica e aproveitar melhor o tempo, podemos chamar de tecnologia. 

Sendo assim, na educação usamos tecnologias há muito tempo, papel, caneta, quadro, livros, tv, computador, etc. Vivemos numa época em que tudo muda muito rápido, é difícil acompanhar tantas mudanças. Hoje vivemos a chamada era da informação, mas o que seria isso?
Acredito que informação é diferente de conhecimento. Não basta obter informação, é preciso saber o que se faz com ela. Podemos desenvolver um pensamento, produzir um conhecimento a partir das informações que obtemos e que hoje são inúmeras e de fácil acesso. 

Isso leva o educador, que tem em sua sala de aula um nativo digital,  a necessidade de entender esse processo e buscar a melhor forma de orientar os educandos para essa nova era. Sendo assim o letramento digital se faz necessário hoje tanto quanto a alfabetização. Cabe ao educador (a), independente da área de atuação, encontrar meios de dialogar com as novas tecnologias. E essa questão abre também um debate interessante a respeito do momento certo que se deve iniciar esse letramento digital. Qual seria a idade ideal? Em qual etapa da vida escolar? São questões para refletirmos. O uso das novas tecnologias em sala de aula é inevitável, em algum momento do processo de ensino-aprendizagem vamos fazer uso de alguma delas. A questão que se coloca é como fazer isso de modo que este uso seja benéfico para o educando e para o educador ?

O primeiro passo seria então, buscar formação na área, para melhor compreendermos o funcionamento dessas novas tecnologias e até que ponto elas podem nos ajudar em nosso cotidiano escolar. Pesquisando sobre formação na área de novas tecnologias e educação, encontrei uma plataforma bem interessante e fiz alguns cursos ofertados gratuitamente, gostei muito. 
Deixo o link no final do post para quem se interessar em aprender um pouco mais sobre esse tema.

E para terminar gostaria de deixar aqui uma ressalva, eu particularmente apoio o uso de novas tecnologias em sala de aula e acho fundamental aprendermos a utilizá-las até porque em muitas situações elas nos poupam um trabalhão enorme. Mas para que possamos fazer uso dessas ferramentas digitais, é preciso que as escolas e espaços educativos onde atuamos, estejam devidamente equipados. Não adianta só o professor ter o conhecimento técnico se ele não tiver as ferramentas apropriadas, funcionando devidamente para poder trabalhar. E o segundo ponto que gostaria de ressaltar é que não acho interessante promover o chamado letramento digital antes dos 10 anos de idade. Penso que primeiro a criança precisa dominar a leitura e escrita nas plataformas tradicionais, como o livro impresso, por exemplo. Para posteriormente ser instruída no universo digital e vivenciar todas as possibilidades de fruição estética, lírica e lógica, que tal universo possa nos proporcionar. Não sou especialista em Ensino Fundamental I, mas esse é meu palpite. 

Inté e boa aula para todos nós!


Site mencionado: http://www.apoioaoprofessor.com.br 

 Karina Guedes 

16 dezembro, 2012

[:] CICLO DE PALAESTRAS - “Experiências onírico-musicais em uma aldeia A’uwẽ-xavante”

Olá,

Hoje vou compartilhar com vocês um pouco do que foi o ciclo de palestras “Experiências onírico-musicais em uma aldeia A’uwẽ-xavante”, que aconteceu lá na escola de Astrofísica no Parque do Ibirapuera, organizado pela UMAPAZ (Universidade do Meio Ambiente). 

Como uma boa roda de conversa, cada uma das palestras fluiu como um enriquecedor encontro de saberes e reflexões profundas. O palestrante Arthur Iraçu A. Fuscaldo compartilhou um pouco da sua vivência e pesquisa numa aldeia A’uwẽ-xavante no sul do Mato Grosso, onde pode acompanhar atividades onírico-musicais e processos de construção de conhecimento a elas vinculados.

O destaque dado a esses estudos na aldeia foi para noção de pegar cantos nos sonhos. Na aldeia A’uwẽ-xavante essa é uma obrigação social masculina, os meninos em determinada idade são iniciados em um ritual para poder pegar essas cantos nos sonhos e compartilhar com a aldeia. É interessante perceber como o estatuto do sonho para eles é muito diferente do que compreendemos como sonho na cultura ocidental. O valor dado ao sonho é outro, todo o desenvolvimento desse trabalho dos meninos tem foco na escuta, ou seja, desenvolve-se a escuta dentro do sonho, algo bem diferente da visão ocidental da experiência do sonho, sempre focada nas imagens que o sonho traz.

Depois desses três encontros transformadores, ficaram muitos conhecimentos novos para processar, assim como muitas questões para refletir e tentar compreender. Achei muito interessante cada uma das palestras. Quanto mais estudo e pesquiso sobre os povos tradicionais, sobre as culturas indígenas e sobre as culturas africanas, mais evidente fica o quanto somos ignorantes em relação a elas. Precisamos aprender mais, conhecer mais, mas não no sentido de aprender sobre essas culturas, mas sim no sentido de aprender com elas.

Inté.
Karina Guedes


Segue, o cronograma do ciclo e assuntos abordados:

“Experiências onírico-musicais em uma aldeia A’uwẽ-xavante”

Escola Municipal de Astrofísica

Palestra 1: dia 28/11, das 14h às 16h
Tema: “Música, Sonho e Conhecimento entre os A’uwẽ-Xavante”
Aborda a fundamental interação existente, na experiência onírico-musical a’uwẽ, entre o que entendemos como sonho, música e conhecimento, buscando entender ali o estatuto de tais conceitos. Para tanto, são apresentados elementos das experiências de campo nas aldeias, como relatos e explicações de homens xavante referentes a sonhos com cantos; imagens relacionadas a tais relatos ou aos cantos-danças-rituais; gravações de áudio e aspectos da língua a’uwẽ, fontes para compreensão e discussão de suas concepções.


Palestra 2: dia 5/12, das 14h às 16h
Tema: “Sobre os Cantos A’uwẽ-Xavante”
De onde vêm os cantos a’uwẽ? Quais são os tipos e funções dos cantos ali presentes? Como se vinculam às concepções cosmológicas e como estão inseridos no dia-a-dia dos indígenas? Como sua prática musical se relaciona com novos elementos conhecidos com estrangeiros, como os não-indígenas?
Estas são perguntas que nortearão a palestra e, como nas anteriores, o principal referencial para o desenvolvimento da explanação serão registros das estadias nas aldeias xavante e referenciais teóricos da Antropologia, Etnomusicologia e Filosofia.

Palestra 3: dia 12/12, das 14h às 16h
Tema: “Autonomia, Corporalidade e Experiência Estética na Educação das Crianças Xavante”
É notável o estimulo ao desenvolvimento de independência e autonomia nas relações que a comunidade xavante estabelece com suas crianças, o que pode ser percebido em diferentes situações do cotidiano da aldeia. Tal estímulo é determinante para o desenvolvimento psicofísico de meninos e meninas desde as primeiras idades e se vincula a diferentes experiências estéticas e rituais. Tais aspectos serão enfocados nesta palestra, para a qual registros de situações cotidianas de aldeia a’uwẽ (xavante) possibilitarão diálogos com referenciais das áreas de Etnologia, Artes e Educação.


Facilitação - Arthur Iraçu Amaral Fuscaldo: Músico, pesquisador e educador. Licenciado em Educação Artística com Habilitação em Música, pela UNESP. Desenvolveu pesquisa de Mestrado sobre atividades musicais e oníricas dos indígenas A'uwẽ Uptabi (Xavante) da aldeia Eteniritipa; pela UNESP, com financiamento FAPESP. Atualmente atua como músico e professor de ensino superior.

02 dezembro, 2012

[:] APRESENTAÇÃO FINAL - CURSO NO INSTITUTO BRINCANTE

Apresentação de final de ano dos alunos do Instituto Brincante!

Todos os alunos, de todas as turmas, amigos e familiares reunidos numa linda festa. A brincadeira começou e não teve hora pra acabar. 

Amei ter feito  curso "Arte do Brincante para Educadores" e ter participado intensamente deste espaço e destas vivências todas ao longo deste oito meses! Muita troca, muito aprendizado, muitas alegrias e desafios.  Uma experiência que mudou significativamente meu olhar sobre educação, meu entendimento do que é ser educador e do que é a cultura popular brasileira e do quanto toda essa bagagem pode enriquecer nosso trabalho em sala de aula. Viva a cultura popular. Viva as culturas brasileiras!! 

Alguns registros desta noite:

                                                              Meu pequeno solo. 😊

Meu solo 😊

Turma dos professores


Roseane Almeida
Meu pequeno solo. 😊

Danças brasileiras


A grande roda!
AXÉ!🙌🏽

29 novembro, 2012

[:] ÚLTIMA AULA ! A ARTE DO BRINCANTE PARA EDUCADORES

ÚLTIMA  AULA!

Ontem terminou o curso "A ARTE DO BRINCANTE PARA EDUCADORES". Confesso que deu um gelo na barriga. Foram oito meses de um intenso trabalho coletivo calcado em desafios individuais.
Galera, curti de mais brincar com vocês! Valeu!
Viva a cultura popular! Viva a arte nossa de cada dia!



25 julho, 2012

[:] ARIANO SUASSUNA - AULA-ESPETÁCULO "A ORALIDADE NA CULTURA BRASILEIRA"

Ontem tive o privilégio de assistir uma aula-espetáculo de Ariano Suassuna "A Oralidade na Cultura Brasileira" .

Estou até agora tentando encontrar palavras para descrever a emoção que senti. E ainda sinto. Não só por se tratar de um dos grandes nomes importante na literatura brasileira, mas porque é um dos meus escritores favoritos. Ouvi-lo dizer as preciosidades que disse ontem, assim ao vivo e colorido, foi demais! 



A pouco tempo atrás, numa aula no Brincante vimos um vídeo onde Ariano falava sobre o teatro indígena e alguns aspectos muito interessantes da cultura popular brasileira. Isso me tocou profundamente e desde que comecei a conhecer mais a cultura popular, tenho lido seus trabalhos e caminhado por trilhas que me levam a ele. Portanto, estava ansiosa para essa aula-espetáculo. E foi muito boa. Ariano nos convidou a refletir sobre oralidade brasileira, cultura popular e literatura. A sua simpatia e bom humor, simplesmente encantam. 

Ariano disse muitas coisas interessantes e que provocam o nosso pensar. Deixo aqui alguns recortes de sua fala para refletirmos juntos:  

“Arte nova e arte velha não existe. O que existe é arte boa e arte ruim. A arte boa é contemporânea e será eterna, fica aí para nossos netos” 

“Existe uma diferença entre sucesso e êxito. Sendo que sucesso pode ser algo que é muito conhecido mas não tem conteúdo, e êxito pode ser algo de muito conteúdo mas pouco conhecido”.

"A literatura nasce na oralidade, o que marca a oralidade nos romanos, nordestinos, nos egípcios, são as personagens. A estrutura psíquica, a personalidade e a sua função na história. Pois são as forças impulsionadoras do discurso que permanecerá o diálogo. O diálogo é o eixo do texto de oralidade."


Inté!

04 abril, 2012

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“... a verdadeira cura, a transformação do mal em bem, 
dependerá da capacidade da verdadeira arte
de fornecer às almas e corações humanos 
um caminho espiritual.”   Rudolf Steiner



03 abril, 2012

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"Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, 
os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo." 
Paulo Freire


19 julho, 2011

[:] Workshop - Corpo, memória e emoção: Do descartável ao memorável ou do esquecível ao inesquecível, do ausente ao presente.

com: Leila Garcia (bailarina, professora e terapeuta corporal)


A memória é o que nos mantém coesos ligando passado, presente e futuro. Na verdade, nada é mais essencial para a construção da identidade do que as experiências transformadas em memórias. Nessas experimentações vamos mergulhar no universo da memória e das emoções, ancorados pelo corpo que é o mediador de toda a experiência humana. Desse mergulho cada educador emerge com sua identidade fortalecida, condição fundamental para caminhar com passos largos e seguros pelo mundo. Público: professores de todos os níveis de ensino formal e informal e interessados na temática.  (30 vagas) - Inscrições: de 12 a 20/7 preencher ficha de inscrição disponível nesta página a partir do dia 12/7 e enviar para o e-mail professornocentro.ccsp@gmail.com - seleção: por ordem de recebimento da ficha de inscrição. A lista dos selecionados estará disponível no site a partir do dia 22/7 - período do workshop: de 27 a 29/7 - quarta a sexta, das 19h às 22h - Sala de Ensaio 1

16 abril, 2011

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"Ai de nós, educadores, se deixamos de sonhar sonhos possíveis. (...) Os profetas são aqueles ou aquelas que se molham de tal forma nas águas da sua cultura e da sua história, da cultura e da história do seu povo, que conhecem o seu aqui e o seu agora e, por isso, podem prever o amanhã que eles mais do que adivinham, realizam. "

Paulo Freire 

15 outubro, 2010

[:] DIA DO PROFESSOR !!!!

"Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver, naqueles cujos olhos, aprenderam a ver o mundo, pela magia da nossa palavra. O professor não morrerá jamais."

Rubem Alves

30 setembro, 2010

[:] CURSO DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES POPULARES





Simplesmente intenso e transformador! Este curso foi muito, muito bom!
Tentarei compartilhar um pouco do que nós (Integrantes do Projeto Educar é Contagiante!) vivenciamos nesse último mês.


A intenção dos organizadores do curso foi instrumentalizar estudantes que tenham alguma atuação em suas comunidades, movimentos sociais, ONGs, pastorais sociais e outras instituições da sociedade civil, com a concepção teórico-metodológico da educação popular crítica.

Na assessoria pedagógica, Júnior Pacheco, Mestrando em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Bacharelado e Licenciatura em História pela PUC-SP e Bacharelado em Sociologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Possui experiência em educação popular, formação política, metodologia freiriana, projetos de metodologia participativa, formação em organizações populares, projetos de democracia participativa, projetos vinculados à extensão universitária (formação de educadores populares), educação informal e trabalhou junto ao Instituto Paulo Freire.

Esse curso foi uma experiência extremamente gratificante, uma vez que no currículo da Licenciatura em Letras, temos pouco espaço para o estudo da obra de Paulo Freire, o que considero uma pena. Acredito que o estudo da vida e obra de Paulo Freire deveria ser uma disciplina na grade curricular. Simples assim.

O educador Junior Pacheco demonstrou com práticas diversas, como a educação pode ser democrática, como pode ser a postura de um educador que não se coloca como detentor do conhecimento. As práticas dele ao longo dos quatro dias de curso mostraram um educador que sabe trabalhar a partir do conhecimento de mundo do sujeito. Só pelo fato de observarmos seus métodos de ensino-aprendizagem, já foi possível aprender muito da concepção de educação freiriana.

A proposta de educação libertadora de Paulo Freire permite ao educador inúmeras reflexões a respeito da prática educativa cotidiana e sobretudo das funções da educação. É preciso ter consciência de nossos objetivos pessoais com a educação. Para que educamos? Quem educamos? Por que educamos?

Durante o curso de Licenciatura, somos bombardeados por teorias educacionais, mas quase não temos tempo para refletir as estruturas da sociedade em que vivemos. Afinal se a função da escola é formar cidadão para a sociedade, deveríamos primeiro estudar que sociedade é essa, como ela se constrói e se estrutura para depois começarmos a pensar que tipo cidadãos desejamos formar.

De acordo com a concepção de educação formulada por Paulo Freire, denominada por ele como Libertadora, Humanista, Democrática, permite ao sujeito reconstruir a sua  história, refazer as estruturas sociais, ser educado num processo contínuo de transformação, onde a busca por igualdade nunca cessa. A Educação Libertadora crê no ser humano como transformador da realidade. Onde através de uma leitura plural do mundo possibilita um desenvolvimento plural do ser humano.

Ficamos muito entusiasmados com esta experiência e obviamente as reflexões colocadas nos acompanharão ao logo de nossa jornada como educadores. Bem, ao menos assim esperamos. 

Segue o programa do curso, para quem nos acompanha nesta jornada de formação enquanto educadores e tem interesse em dialogar sobre os assutos abordados. 


Programa do curso


  • 1º Encontro. Dia 11 de setembro
Tema: Apresentação da proposta de formação
Conteúdos: Apresentação das propostas e dos envolvidos; reflexão sobre o significado de ser educador popular na perspectiva freiriana
Tempo: 4 horas

Tema: Concepções de Educação
Conteúdos: Significado da educação na sociedade; construção coletiva de um conceito de educação; reflexão sobre as concepções tradicional, liberal, técnico-burocrática e dialética; A concepção dialética de Educação
Tempo: 4 horas

  • 2º Encontro. Dia 12 de setembro
Tema: Introdução ao pensamento de Paulo Freire – Fundamentos teóricos
Conteúdos: Vida de Paulo Freire; A Pedagogia do Oprimido – fundamentação teórica e representação histórica; Educar exige... reflexão sobre a Pedagogia da Autonomia
Tempo: 4 horas

Tema: Introdução ao pensamento de Paulo Freire – Concepção metodológica
Conteúdos: Reflexão e vivência das categorias freirianas – Leitura de Mundo, Dialogicidade, Temas Geradores, situações-limite, inédito viável, práxis.
Tempo: 4 horas

  • 3ºEncontro. Dia 17 de setembro
Tema: Educação e Cultura
Conteúdos: Conceito de cultura; relação entre cultura e educação popular; Cultura e leitura do mundo; Cultura do Povo / Cultura Popular
Tempo: 4 horas

Tema: Educação Popular
Conteúdos: História da educação popular; construção coletiva de um conceito de educação popular, fundamentado nas reflexões anteriores; Educação de adultos, educação não-formal e educação popular
Tempo: 4 horas
  
  • 4º Encontro. Dia 18 de setembro
Tema: Construção de planejamento em educação popular
Conteúdos: Passo-a-passo para construção de planejamentos em educação popular; organização das atividades de intervenção e acompanhamento
Tempo: 4 horas

Tema: Sistematização, avaliação e pesquisa participante
Conteúdos: elaboração de propostas que sistematizem as atividades programadas pelos educadores
Tempo: 4 horas 
  • Total 32 horas.


Esperamos que estas linhas contribuam também com as reflexões de cada educador que nos acompanha neste blog.

Inté!
Karina Guedes

27 setembro, 2010

[:] Aprender e voar

" Aprender é uma aventura criadora , algo, por isso mesmo, muito mais rico do que meramente repetir a lição dada. Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito" 

( PAULO FREIRE,1997:77)

08 setembro, 2010

[:] CURSO PRESENÇA LATINO-AMEFRICANA - Artereflexão


Olá,

Terminou nesse sábado mais um per-curso, trilhado junto às Edições Toró, Expedição Donde Miras, CDHEP e o povo das várias quebradas que apareceu e compareceu.  A cada encontro uma nova perspectiva, uma nova direção para os olhares, outras visões de mundo completaram a roda. Foi tudo tão intenso, tão intenso, que a mente fervilha a cada lembrança de cada dia, de cada aula, de cada partilha. 

A qualidade dos conteúdos das aulas e a energia vital com que os educadores vinham trazer sua palavra, fizeram desses encontros um ritual do saber imensurável. Porque o pensar é constante e as reflexões colocadas em cada aula são pungentes no nosso cotidiano de gente brasileira, latino-amefricana. 

Foi enriquecedor, aprender e refletir juntos sobre essas questões urgentes que nos cercam e que de um modo geral tão pouco sabemos. Questões que não estão em mídias e menos ainda em conteúdos programáticos universitários, mas que são vivas e dolorosas para mentes pensantes que lutam para construir a cada dia uma organização social diferente, mais justa do que esta escravizante na qual somos automaticamente inseridos desde o nosso nascimento.

Esse foi o segundo per-curso que trilhei com o pessoal das Edições Toró, guiado pelo queridíssimo Allan da Rosa. Educador, poeta, pessoa iluminada, que admiro muito.

Quero registrar aqui nessas linhas meu pleno e eterno agradecimento aos educadores que compartilharam conosco seus saberes de maneira graciosa e de extrema boa vontade.

Agradeço também a todos os colegas que estiveram presentes completando a roda e colaborando para essa construção de pensamento livre, forte e de luta.

Saí de lá no último sábado me sentindo mais forte, mais confiante, com mil vezes mais vontade de continuar na luta, acreditando fortemente no poder do coletivo.

Esse foi o roteiro que per- cursamos. Se liga!

PRESENÇA LatinoAmeFRICANA –  Arte e reflexão 

Articulação pedagógica: Allan da Rosa 
Realização: Edições Toró, CDHEP, Expedição Donde Miras.  

Conteúdo:
  • Literatura Argentina Frente às Suas novas Vozes, com Lúcia Tennina.
  • Cultura que Brota da Terra: povos indígenas do Brasil e suas lutas pelo território no século XXI, com Spensy Pimentel.
  • Me Gritam Negra! Uma Incursão na Musicalidade Afro-peruana, com Danielle Almeida.
  • Salve Hermanos!!! Hip Hop e(m) Cuba, com Matheus Subverso.
  • Cuba e Haiti: Atlântico Negro, Culturas e Interpretações, com Amailton Azevedo.
  • No Chão da Martinica, a Palavra de Noite, com Luciana Antunes Costa.
  • A Mátria das Cordilheiras, Mar, Pampa, Sierra, Selva e  Sertão: arte & re-existência, com Marcos Ferreira Santos.
  • Teatro, Negro, no Brasil: do TEN ao Bando Olodum, com Evani Tavares.
  • Revolução? Movimento Zapatista e Literatura das Margens Mexicanas, com Alejandro Reyes.
  • Cinemas Afro-sulamericanos, com Lilian Solá Santiago.
       
Valeu mesmo!!!!!!!!


Karina Guedes




11 agosto, 2010

[:] ENSINO E AMOR !!!!!

“O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: Tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho. Por isso os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos"



Rubem Alves




Retirado do livro: A alegria de ensinar.

20 junho, 2010

[:] CURSO RESISTÊNCIA E ANUNCIAÇÃO - ARTE E POLÍTICA PRETA


Olá,

Venho aqui compartilhar mais uma experiência dessa jornada em busca de formação, para sermos educadores melhores neste nossa Brasilzão. Participei neste último mês de maio e começo de junho do curso “Resistência e Anunciação – Arte e política preta”, realizado pelo Grupo Capoeira Angola Irmãos Guerreiros & Edições Toró.

Esse curso foi muito interessante, de muita qualidade e obviamente transformador. Muitas reflexões foram colocadas nas rodas de conversas. Trocas intensas e um inevitável estado de elevação de consciência ao término de cada encontro. 

E juntamente com essas reflexões, veio a constatação do quanto precisamos aprender muito ainda sobre nós mesmos, sobre o que é ser braileiro. Pois, apesar de sermos um povo que traz em sua matriz formadora a cultura africana, ainda estamos muito distantes de reconhecer nossas marcas negras. Isso se deve, dentre outros fatores, aos longos anos de uma história mal contada sobre a origem do povo brasileiro e a uma educação onde ainda impera o eurocentrismo.

A recente historiografia, juntamente com inúmeras pesquisas na área de arqueologia, as persistentes e expansivas manifestações artísticas com a temática da cultura africana, contribuem imensamente para mudanças de nossa visão sobre nós mesmos e das realidades negras que nos cercam. Apesar de toda essa transformação do olhar ainda ser um processo muito lento.

De toda forma, no que tange a educação já é possível observar algumas singelas e miúdas mudanças. Hoje em dia, por exemplo, temos a lei que determina o ensino da cultura afro-indígena nos conteúdos escolares como sendo obrigatório. É fato que uma lei por si só não altera realidades. O preconceito, a discriminação, o racismo, continuam pulsantes no cotidiano escolar e na sociedade, só quem sofre com eles sabe disso.  Ainda assim, mesmo consciente da complexidade da questão, ou melhor das questões levantadas ao longo do curso, gosto de olhar para essa mudança como um pequeno passo rumo às transformações desejadas. Porque ela traz o assunto para dentro das instituições de ensino superior e de uma forma ou de outra, bem ou mal, somos levados a iniciar uma reflexão sobre o assunto.  Sei também que isso não satisfaz cem por cento e muito menos, em hipótese alguma encerra a luta. 

Um exemplo de que ainda há muita luta pela frente é o próprio curso em questão, que vim contar pra vocês como foi. Cursos como esse de iniciativa independente, é uma amostra de quanto trabalho há pela frente. Outro ponto que não pude deixar de observar é que pela qualidade das aulas apresentadas e pelo elevado nível de debate que foi travado ao longo desses últimos fins de semana, é inegável reconhecer o quanto de gente competente e empenhada na pesquisa, nos estudos, na formação de pessoas (e educadores) mais conscientes, temos no Brasil. Como disse no começo do post, foi um curso incrível e transformador!

Gratidão!

Karina Guedes

Segue a programação do curso e assuntos abordados:
#racismo
#preconceito
#culturaafro
#educação
#educacao

26 abril, 2010

[:] CURTA NA ESCOLA

Uma excelente iniciativa do Porta Curtas ( Projeto que exibe gratuitamente curta metragens), a idéia é basicamente incentivar o uso de filmes de curta metragem brasileiros como material de apoio pedagógico em salas de aula.
Estão disponíveis centenas de curtas dos mais variados temas. O catálogo está dividido por disciplinas. Só de Língua Portuguesa são mais de 80 curtas!!!

Acesse o site e conheça mais sobre o projeto:

E boa aula!!!