21 abril, 2020

[:] VOLTA ÀS AULAS EM MEIO À PANDEMIA!



Recesso antecipado, volta às aulas sem sair de casa, ensino remoto, como assim? Socorro!

Toda essa nova situação em que nos encontramos, nessa volta às aulas em meio a uma pandemia, tem me levado a pensar nos meus primeiros dias como professora, ou até mesmo como estudante de licenciatura.

Um novo ano letivo, mais surpresas. 

E este ano de 2020 está sendo o campeão das surpresas e desafios. Quando recebemos a notícia do isolamento social e antecipação dos recessos por causa da pandemia de COVID-19, senti um baque forte. E agora pensar nessa volta às aulas em trabalho remoto é desfiador, pois eu adoro a sala de aula mesmo com todos os problemas que nos envolvem. Adoro estar ali, adoro falar olhando nos olhos dos alunos, ver suas expressões, suas caretas quando não estão gostando da aula, etc. É uma energia muito intensa, muito vivaz.  E esse pacotinho de surpresas, além de esse nos sujeitar a esse isolamento social,  agora nos coloca este novo desafio de trabalhar remotamente.

Ao sentar diante do computador para começar a organizar esse trabalho remoto, me senti exatamente como há 10 anos quando comecei minha jornada como professora, completamente perdida. E olha que eu até me dou bem com as novas tecnologias, aprendo rápido e usar essas ferramentas digitais não é um problema. Só que na minha visão progressista de educação, uma aula não pode ser só técnica. Uma aula que inspire, que provoque o pensar e instigue a curiosidade pelo assunto desenvolvido, tem outras nuances que vão além da técnica. Tem emoção, tem sentimento, tem afeto. E foi aí que minha canoa encalhou, como ser progressista nesse mundo virtual, dentro dessas circunstâncias em que estamos vivendo? Como transpor para as máquinas toda vivacidade do trabalho cotidiano? Acho que isso não seja possível e talvez nem seja o propósito neste momento emergencial. Mesmo assim, sinto-me um pouco desajeitada  ou até mesmo despreparada diante desse novo modo de trabalho. Enquanto aluna, já fiz e faço vários cursos a distância. Muitos deles foram realmente bons e marcantes na minha formação. Mas na condição de professora, a coisa muda de figura. Tudo muito novo, tudo muito diferente.

A sensação até este momento é de total aflição. Por mais que se diga que  o trabalho remoto é apenas uma situação provisória e emergencial, o fato é que não podemos ter certeza disto. Estamos lidando com uma pandemia nunca vista antes na história, os estudos mais recentes sobre a COVI-19 mostram que quando as primeiras cidades que entraram em quarentena, depois flexibilizam o isolamento social, a propagação e contaminação subiu novamente. Acredito que este é um dado de suma importância que nós professores não podemos ignorar, pois a flexibilização do isolamento não pode e nem deve ser uma opção para a educação. Sobretudo, para nós que trabalhamos na rede pública com salas lotadas e sem estrutura adequada para a circulação de ar.

Diante desta reflexão, penso que a escola provavelmente será o último lugar a voltar "ao normal". Ou pelo menos assim deveríamos estar pensando, para que não coloquemos nossas vidas e de nossos alunos em risco. Por mais complicado e desafiador que seja ficar em casa e iniciar esse aprendizado com "trabalho remoto", cientes de que não poderemos oferecer a mesma qualidade de ensino, já que não estamos numa estrutura de EAD e sim improvisando com as ferramentas disponíveis que dominamos, ficar em casa e encarar esse desafio de cabeça erguida, é o melhor que temos a fazer. Mesmo que seja por um tempo indeterminado. Mesmo arcando com os projeuízos que virão. Pois, levando em consideração os números de mortes que vem aumentanto a cada dia no Brasil e no mundo, tudo o que eu menos gostaria de vivenciar neste momento é me arriscar, ou pior arriscar a vida das pessoas, jovens e crianças, com quem trabalho e convivo. Eu acredito que a vida, vale mais do que qualquer um desses prejuízos!

E para concluir, se por um lado penso que não podemos temer o novo, por outro lado não consigo subestimá-lo. Talvez a melhor saída desse encalho em que nos encontramos, seja mesmo manter a calma. Estudar, aprender sobre esse novo e principalmente manter o foco no meu propósito inicial. Escolhi ser professora, então vamos adiante e encarar mais esse estorvo no caminho.

Compartilho esta reflexão como um convite ao diálogo, pois acredito que nesse momento de tantas incertezas e inseguranças uma boa conversa pode nos ajudar a manter o foco e o equilíbrio. Foi com uma boa conversa que sobrevivi à primeira situação desafiadora da minha jornada como professora, então me coloco sempre à disposição dos educadores e educandos que querem conversar e refletir coletivamente. 

Bora se ajudar gente e bora superar mais essa! 
Afinal, somo professores e sabemos como matar um dragão por dia!


Karina Guedes