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01 março, 2015

[:] EDUCAR É CONTAGIANTE! Uma trajetória.

Querido visitante,

Este blog é destinado aos educadores que estão dispostos a exercer seu papel de agente transformador da sociedade, fazendo da educação e da arte importantes ferramentas na luta contra as desigualdades sociais.

A ideia primária do "Projeto Educar é Contagiante", é ter um ponto de encontro para partilha de reflexões, para compartilhamento informações que acrescentem nossa formação, ou seja, uma ponte para o diálogo, troca de ideias e ações coletivas.

Por motivos diversos, acontece de em alguns momentos nos sentirmos sozinhos em nossa jornada como educadores, seja nas unidades escolares e espaços educativos em que atuamos ou nos momentos em que paramos para refletir sobre nossa trajetória, o que já tentamos e onde queremos chegar.
As demandas do cotidiano nas práticas educativas são muitas e também complexas, tornando difícil manter o entusiasmo sempre. Sendo assim, é importante o encontro com parceiros cujas ideias e ideais são semelhantes ou iguais ao nossos. Para que possamos somar, crescer e fortalecer nossas bases e continuar na luta. A carreira no magistério não é fácil, é uma vida de luta diária, do micro ao macro, lutamos por uma aula melhor, uma escola melhor, uma sociedade melhor, mais justa e igualitária. Trata-se de uma luta árdua e diária. Foi pensando em tudo isso, que esse blog nasceu.

 E de onde vem o "Educar é Contagiante"?

Bem, senta que lá vem história...

Desde de 2007/ 2008, quando eu ainda estava na faculdade, venho tentando fazer esse projeto de blog/ponte/ liga/roda de conversa, acontecer. A ideia surgiu a partir da imensa insatisfação que eu sentia com aulas de "Práticas de Ensino" na facul, cuja proposta pedagógica contemplada no currículo acadêmico estava longe de ser transformadora. E eu não sabia exatamente porquê mas na minha cachola, educação tem que ser uma prática transformadora e todo aquele monte de boboseira sobre burocracia escolar que nos era passado não tinha nada de prático e muito menos de transformador. Sério, era uma coisa surreal os assuntos abordados neste disciplina, óbvio que o que era colocado ali era muito mais a visão limitada da professora em questão do que o propósito mesmo da disciplina, mas enfim, não rolou.

Ao conversar com outros colegas percebi que essa insatisfação não era somente minha, então surgiu a ideia do blog para trocas de ideias e compartilhamento de informações relacionadas à educação. Foi difícil conseguir parceiros, pois apesar das angústias coletivas cada um tinha seus interesses e projetos pessoais e  escrever para um blog dá trabalho e toma tempo. Mesmo assim, alguns colegas entraram para o projeto e contribuíram muito!! Desde a publicação de posts à encontros presenciais com ideias e trocas riquíssimas. Durante o período em que estávsmos todos na faculdade, o "Projeto Educar é Contagiante" fluiu bem e foi muito interessante as trocas e vivências com cada pessoa que somou e contibui com essa ideia.

 A vontade de atuar de forma transformadora em sala de aula triplicou quando participamos de um Curso de Formação em Educação Popular, oferecido pelos alunos do DAMAC (Diretório Acadêmico Mackenzie) em parceria com o Instituto Paulo Freire. Pessoas incríveis de falas inspiradoras como Júnior Pacheco (Instituto Paulo Freire) e Márcio Farias (Estudante de Pedagogia- Makenzie), conseguiram nos contagiar e nos apontar caminhos absolutamente possíveis para o tipo de educação em que acreditamos. A última aula sobre projetos e sistematização foi incrível. Saímos de lá muito empolgados e o nosso projeto que já estava germinando ganhou corpo e forma. E a partir daí nos colocamos o desafio de concretizar algumas ações, inclusive de tentar levar para a faculdade o nosso Projeto Educar é Contagiante! e organizar rodas de conversas com os estudantes das outras licenciaturas, para termos trocas e reflexões mais aprofundadas sobre educação e tals.

Mas infelizmente nessa iniciativa não obtivemos êxito, a visão da faculdade particular em que estudávamos não estava alinhada com o que nós estudantes contagiados pelo bichinnho da educação progressista e transformadora estávamos buscando, então continuamos seguindo nossos estudos aprofundados sozinhos. Afinal, depois do Curso de Educação Popular que fizemos, ficou ainda mais claro que é preciso uma conscientização mais profunda dos estudantes de cursos de licenciatura, para que eles saiam da faculdade conscientes de seu papel de agente transformador da sociedade e mais preparados tanto para enfrentar os desafios do cotiadiano escolar, que são muitos, assim como do magistério como um todo.

Depois da faculdade veio dura realidade da vida de professor...

Apesar de toda a vontade de transformação de todos educadores que somaram com esse projeto, nem todos puderam continuar a caminhada aqui. Cada um com seus motivos pessoais, foram partindo e buscando outros caminhos. Bem, eu fiquei! Afinal foi da minha cachola que saiu a ideia de criar um projeto, um blog e tals. Senti que seria minha missão continuar ao menos com o blog e ir organizando ações na medida do possível. Muita coisa aconteceu desde a época da faculdade e pelo projeto ter tomado um novo rumo, muitos posts antigos que traziam questões pertinentes à aquele momento inical foram retirados. Mantive apenas aquilo que ainda é pulsante e tangente para nossas reflexões atuais.

Hoje em dia uso este espaço aqui no blog para compartilhar minhas experiencias e reflexões como educadora. Obviamente a porta estará sempre aberta para o retorno e retomada das parcerias.
E aproveito para deixar aqui aqui o convite aos educadores que simpatizam com as ideias colocadas e queiram de alguma forma contribuir, participar e dialogar. O Projeto Educar é Contagiante! é acima de tudo um agito em constante transformação e que está na luta por uma educação de qualidade, igualitária e popular para todos e todas!

Bora somar!

Um forte abraço.

Karina Guedes
Sonhadora de nascência, professora por opção. ;-)


Contato: paulofreirar@gmail.com

04 abril, 2012

[:]


“... a verdadeira cura, a transformação do mal em bem, 
dependerá da capacidade da verdadeira arte
de fornecer às almas e corações humanos 
um caminho espiritual.”   Rudolf Steiner



03 abril, 2012

[:]

"Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, 
os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo." 
Paulo Freire


16 abril, 2011

[:]

"Ai de nós, educadores, se deixamos de sonhar sonhos possíveis. (...) Os profetas são aqueles ou aquelas que se molham de tal forma nas águas da sua cultura e da sua história, da cultura e da história do seu povo, que conhecem o seu aqui e o seu agora e, por isso, podem prever o amanhã que eles mais do que adivinham, realizam. "

Paulo Freire 

15 outubro, 2010

[:] DIA DO PROFESSOR !!!!

"Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver, naqueles cujos olhos, aprenderam a ver o mundo, pela magia da nossa palavra. O professor não morrerá jamais."

Rubem Alves

27 setembro, 2010

[:] Aprender e voar

" Aprender é uma aventura criadora , algo, por isso mesmo, muito mais rico do que meramente repetir a lição dada. Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito" 

( PAULO FREIRE,1997:77)

11 agosto, 2010

[:] ENSINO E AMOR !!!!!

“O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: Tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho. Por isso os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos"



Rubem Alves




Retirado do livro: A alegria de ensinar.

16 novembro, 2008

[:] EU LEONARDO

Rubem Alves

Minhas habilidades técnicas não são das piores. Eu mesmo, com serra, furadeiras e parafusos, construí as estantes do meu escritório. E até que elas me agradam quando vistas de longe. O importante é não examinar os detalhes, pois me falha a fineza artesanal. De vez em quando, conserto uma fechadura enguiçada e consegui mesmo reconstruir uma torradeira elétrica que havia se espatifado no chão.

Minha inclinação para lidar com a construção e reconstrução de coisas se manifestou pela primeira vez quando eu tinha sete anos de idade, ocasião em que desmontei o relógio velho de minha mãe, para ver como ele era feito. Evidentemente, com a intenção de montá-lo de novo. Infelizmente, esta segunda parte da minha experiência em mecânica não pôde ser realizada, pois eu me esqueci da ordem em que as peças deviam ser ajuntadas. Meus pais, ao invés de ficarem bravos, ficaram orgulhosos, pois viram no meu ato uma inegável vocação para a engenharia.

Minha competência para a matemática, se revelou logo no curso primário, confirmou este diagnóstico, e ninguém duvidava, nem mesmo eu, que o meu futuro era de ser de um brilhante engenheiro. Mas a vida nos conduz por caminhos não previstos, e, ao invés de desenvolver minha competência na direção da técnica, acabei por me meter numa área totalmente diferente, onde a coisa mais impossível de se fazer é um artefato técnico. Do ponto de vista da técnica sou totalmente inútil e incompetente – o que me condenou à posição marginal de alguém incapaz de realizar as coisas que fazem a glória e a riqueza do nosso mundo. Minha ignorância das coisas da tecnologia avançada – como este computador em que escrevo esta crônica – é absoluta, e os princípios que tornaram possível a sua fabricação me são um mistério sem tamanho. Quero, portanto, deixar manifesta a minha admiração – mais do que isto, a minha inveja, daqueles que são os mago-construtores deste mundo tecnológico em que vivemos.

Se eu tivesse entrado pelos caminhos da tecnologia, um lugar onde eu gostaria de trabalhar é na IBM. Porque, se não estou equivocado, a IBM é uma das mais altas e perfeitas manifestações do espírito tecnológico, na sua maior pureza. Tudo o que ela faz é (quase) perfeito. Digo “quase” porque, paradoxalmente, perfeição tecnológica só pode existir no campo do pensamento puro. As coisas produzidas, por maior que seja o controle de qualidade, têm sempre imperfeições. Os aviões caem. Os computadores são infestados por vírus. Os metais se rompem de “fadiga”. Para nós, “quase perfeito” já está muito bom. Mas a IBM me surpreendeu quando descobri que ela também está interessada na beleza. Gastou o seu dinheiro para produzir um dos vídeos mais lindos que eu já vi, comovente e inspirador sobre a vida de Leonardo da Vinci, um dos maiores gênios da história da humanidade.

Eu, Leonardo... Mente inquieta, incontrolável, indomável, dominada pelo fascínio do mundo – seus olhos e seu pensamento não conseguiam descansar ante os infinitos objetos do mundo, existentes e por existir. Julgava a pintura a suprema das artes, pois através dela podia captar visualmente a harmonia da natureza, construída segundo os princípios da matemática. Estudou anatomia, para entender os princípios mecânicos, segundo os quais o corpo humano – esta máquina perfeita – era construída. Músico, fazia seus próprios instrumentos. Compunha, tocava e improvisava os poemas que cantava. Arquiteto, fez planos para uma cidade ideal, em que as casas fossem construídas segundo o princípio da beleza, banhadas de luz, e em que houvesse vias especiais para os pedestres e outras para os veículos. Imaginava máquinas.

O seu pensamento voava tão longe que a tecnologia existente não era capaz de produzir aquilo que ele imaginava – e, por isto, elas permaneceram apenas como projetos, no papel. Estudou o vôo dos pássaros, a fim de construir uma máquina que desse aos homens o poder de voar. Sonhou com navios que navegassem por baixo das águas, como os peixes. Observava o tempo e os seus sinais para compreender os princípios da meteorologia. Estudava a água, que acreditava ser o princípio vital do universo. Observava os fósseis e concluiu que em passados remotos o cume das montanhas havia estado submerso nas águas.Fascinava-se com cavalos, para ele, os mais belos animais, depois dos homens, e fez estudos sobre a sua estética.

O que era Leonardo? Pintor, músico, arquiteto, poeta, engenheiro, geólogo, biólogo? Todas estas coisas. Dentro do seu corpo vivia um universo. Homem universal, ele foi a encarnação, num único corpo, do ideal da Universidade, como o lugar onde os homens se reúnem para, dando asas à imaginação, encontrar o deleite na visão, compreensão e harmonia do mundo.

Foi então que me veio uma idéia maluca: se o Leonardo da Vinci tivesse vivo hoje, será que ele conseguiria um emprego na IBM? Para começar, o seu currículum vitae provocaria suspeitas. Um homem com interesses que vão da estética dos cavalos à construção de máquinas voadoras não parece regular bem. Mas, suponhamos que ele conseguisse o emprego. Imagino uma situação prática: o seu chefe lhe pede um relatório sobre um projeto de pesquisa e ele responde que no momento não é possível porque está se dedicando a um projeto estético pelo qual se apaixonou – a pintura de um quadro. É. Acho que Leonardo da Vinci não teria vida longa como funcionário da IBM, nem como professor de uma de nossas universidades. Espero que meus amigos da IBM me entendam. Que não tomem isto como nada de pessoal. A relação é puramente acidental. Primeiro, porque foi ela que fez o maravilhoso vídeo do Leonardo. Segundo, porque eu, de fato, acredito que a IBM representa o que há de mais alto no mundo técnico. Uso a IBM como metáfora e representante da lógica de produção organizacional da tecnologia, que pode ser assim resumida: “organizações de produção de tecnologia não toleram Leonardos.” Controle de qualidade ficou sendo uma expressão da moda. O que ela significa é muito simples: há de haver mecanismos que garantam que o produto final desejado esteja o mais próximo possível da perfeição com que ele foi idealizado. É isto, por exemplo. Que se espera de um bom restaurante: que o prato servido corresponda ao prato que é prometido. No campo tecnológico, o produto final tem de corresponder às especificações, tais como saíram da cabeça dos engenheiros que o pensaram.

É somente assim que se garante qualidade uniforme e confiável aos produtos.
Acontece, entretanto, que a parte mais importante deste processo não é o controle de qualidade dos produtos, mas o controle de qualidade do pensamento. É do pensamento que nascem os produtos. O mundo começa, não na máquina, mas na inteligência. Por isso, ao lado de mecanismos de controle técnico, as organizações, de há muito, aprenderam que é preciso controlar o pensamento. No seu fascinante livro O Homem-Organização, Willian H. W. Jr.

Descreve tal processo como a domesticação do gênio. O cientista deve abandonar a sua imaginação divagante que o leva a andar pelos caminhos do seu próprio fascínio e tornar-se uma função dos objetivos determinados pelos interesses da instituição que o emprega. Deve ser um “company cônscios".

Se o que a companhia deseja é a produção de tomates enlatados, o seu pensamento deve pensar tomates enlatados o tempo todo. Gastar tempo pensando em música, jardinagem, política, ecologia, é uma doença a ser evitada a todo custo, em benefício do controle de qualidade do pensamento. Em outras palavras: controle de qualidade do pensamento é cortar as asas da imaginação a fim de que ele marche ao ritmo dos tambores institucionais. O pensamento se tornará excelente ao preço de se perder a sua liberdade. Isto vale para a IBM e para todas as instituições de excelência tecnológica. Inclusive – e principalmente – as universidades. Quanto a Leonardo da Vinci, coitado, deverá se contentar em ficar desempregado.

Retirado do livro: A Alegria de Ensinar

15 novembro, 2008

[:] EDUCAÇÃO? EDUCAÇÕES. APRENDER COM O ÍNDIO


Pergunto coisas ao buriti; e o que ele responde é a coragem minha. Buriti quer todo o azul, e não se aparta de sua água - carece de espelho. Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.
João Guimarães Rosa / Grande Sertão: Veredas


Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação ? Educações. E já que pelo menos por isso sempre achamos que temos alguma coisa a dizer sobre a educação que nos invade a vida, por que não começar a pensar sobre ela com o que uns índios uma vez escreveram ?

Há muitos anos nos Estados Unidos, Virgínia e Maryland assinaram um tratado de paz com os índios das Seis Nações. Ora, como as promessas e os símbolos da educação sempre foram muito adequados a momentos solenes como aquele, logo depois os seus governantes mandaram cartas aos índios para que enviassem alguns de seus jovens às escolas dos brancos. Os chefes responderam agradecendo e recusando. A carta acabou conhecida porque alguns anos mais tarde Benjamin Franklin adotou o costume de divulgá-la aqui e ali. Eis o trecho que nos interessa:


"... Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo o coração.
Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa.... Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltavam para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros.Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, deles, homens."


De tudo o que se discute hoje sobre a educação, algumas das questões entre as mais importantes estão escritas nesta carta de índios. Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é o seu único praticante.

Em mundos diversos a educação existe diferente: em pequenas sociedades tribais de povos caçadores, agricultores ou pastores nômades; em sociedades camponesas, em países desenvolvidos e industrializados; em mundos sociais sem classes, de classes, com este ou aquele tipo de conflito entre as suas classes; em tipos de sociedades e culturas sem Estado, com um Estado em formação ou com ele consolidado entre e sobre as pessoas.

Existe a educação de cada categoria de sujeitos de um povo; ela existe em cada povo, ou entre povos que se encontram. Existe entre povos que submetem e dominam outros povos, usando a educação como um recurso a mais de sua dominância. Da família à comunidade, a educação existe difusa em todos os mundos sociais, entre as incontáveis práticas dos mistérios do aprender; primeiro sem classes de alunos, sem livros e sem professores especialistas; mais adiante com escolas, salas, professores e métodos pedagógicos.

A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as pessoas criam para tornar comum, como saber, como idéia, como crença, aquilo que é comunitário como bem, como trabalho ou como vida. Ela pode existir imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre os homens, na divisão dos bens, do trabalho, dos direitos e dos símbolos.

A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade. Formas de educação que produzem e praticam, para que elas reproduzam, entre todos os que ensinam-e-aprendem, o saber que atravessa as palavras da tribo, os códigos sociais de conduta, as regras do trabalho, os segredos da arte ou da religião, do artesanato ou da tecnologia que qualquer povo precisa para reinventar, todos os dias, a vida do grupo e a de cada um de seus sujeitos, através de trocas sem fim com a natureza e entre os homens, trocas que existem dentro do mundo social onde a própria educação habita, e desde onde ajuda a explicar - às vezes a ocultar, às vezes a inculcar - de geração em geração, a necessidade da existência de sua ordem.

Por isso mesmo - e os índios sabiam - a educação do colonizador, que contém o saber de seu modo de vida e ajuda a confirmar a aparente legalidade de seus atos de domínio, na verdade não serve para ser a educação do colonizado. Não serve e existe contra uma educação que ele, não obstante dominado, também possui como um dos seus recursos, em seu mundo, dentro de sua cultura.

Assim, quando são necessários guerreiros ou burocratas, a educação é um dos meios de que os homens lançam mão para criar guerreiros ou burocratas. Ela ajuda a pensar tipos de homens. Mais do que isso, ela ajuda a criá-los, através de passar de uns para os outros o saber que os constitui e legitima. Mais ainda, a educação participa do processo de produção de crenças e idéias, de qualificações e especialidades que envolvem as trocas de símbolos, bens e poderes que, em conjunto, constróem tipos de sociedades. E esta é a sua força.

No entanto, pensando às vezes que age por si próprio, livre e em nome de todos, o educador imagina que serve ao saber e a quem ensina mas, na verdade, ele pode estar servindo a quem o constituiu professor, a fim de usá-lo, e ao seu trabalho, para os usos escusos que ocultam também na educação - nas suas agências, suas práticas e nas idéias que ela professa - interesses políticos impostos sobre ela e, através de seu exercício, à sociedade que habita. E esta é a sua fraqueza.

Aqui e ali será preciso voltar a estas idéias, e elas podem ser como que um roteiro daqui para a frente. A Educação existe no imaginário das pessoas e na ideologia dos grupos sociais e, ali, sempre se espera, de dentro, ou sempre se diz para fora, que a sua missão e transformar sujeitos e mundos em alguma coisa melhor, de acordo com as imagens que se tem de uns e outros: "... e deles faremos homens". Mas, na prática, a mesma educação que ensina pode deseducar, e pode correr o risco de fazer o contrário do que pensa que faz, ou do que inventa que pode fazer: "... eles eram, portanto, totalmente inúteis"

Retirado do Livro: O que é Educação? 
Autor: BRANDÃO, Carlos Rodrigues

16 outubro, 2008

[:] PAULO FREIRE, NOSSO MESTRE

Paulo Reglus Neves Freire (Recife, 19 de setembro de 1921 — São Paulo, 2 de maio de 1997) foi um educador brasileiro.

Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica.

Biografia
Nascido em família de classe média no Recife, Paulo Freire conheceu a pobreza e a fome durante a depressão de 1929, uma experiência que o levaria a se preocupar com os pobres e o ajudaria a construir seu método de ensino particular.

Freire entrou para a Universidade do Recife em 1943, para cursar a Faculdade de Direito, mas também se dedicou aos estudos de filosofia da linguagem. Apesar disso, nunca exerceu a profissão, e preferiu trabalhar como professor numa escola de segundo grau ensinando a língua portuguesa. Em 1944, casou com Elza Maia Costa de Oliveira, uma colega de trabalho. Os dois trabalharam juntos pelo resto de suas vidas e tiveram cinco filhos.

Em 1946, Freire foi indicado diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social no Estado de Pernambuco. Trabalhando inicialmente com analfabetos pobres, Freire começou a se envolver com um movimento não ortodoxo chamado Teologia da Libertação, uma vez que era necessário que o pobre soubesse ler e escrever para que tivesse o direito de votar nas eleições presidenciais.

Em 1961, foi indicado para diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife e, em 1962, Freire teve a primeira oportunidade para uma aplicação significante de suas teorias, quando ensinou 300 cortadores de cana a ler e a escrever em apenas 45 dias. Em resposta a esse experimento, o governo brasileiro aprovou a criação de centenas de círculos de cultura ao redor do país.

Em 1964, o golpe militar extinguiu este esforço. Freire foi encarcerado como traidor por 70 dias. Em seguida passou por um breve exílio na Bolívia, trabalhou no Chile por cinco anos para o Movimento de Reforma Agrária da Democracia Cristã e para a Organização de Agricultura e Alimentos da Organização das Nações Unidas. Em 1967, Freire publicou seu primeiro livro, Educação como prática da liberdade.

O livro foi bem recebido, e Freire foi convidado para ser professor visitante da Universidade de Harvard em 1969. No ano anterior, ele escrevera seu mais famoso livro, Pedagogia do Oprimido, o qual foi publicado em varias línguas como o espanhol, o inglês (em 1970), e até o hebraico (em 1981). Por ocasião da rixa política entre a ditadura militar e o socialista-cristão Paulo Freire, ele não foi publicado no Brasil até 1974, quando o general Geisel tomou o controle do Brasil e iniciou um processo de liberalização cultural.

Depois de um ano em Cambridge, Freire mudou-se para Genebra, na Suíça, para trabalhar como consultor educacional para o Conselho Mundial de Igrejas. Durante este tempo, atuou como um consultor em reforma educacional em colônias portuguesas na África, particularmente na Guiné Bissau e em Moçambique.

Em 1979 Freire já podia retornar ao Brasil, mas só voltou em 1980. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores na cidade de São Paulo, e atuou como supervisor para o programa do partido para alfabetização de adultos de 1980 até 1986 Quando o PT foi bem sucedido nas eleições municipais de 1988, Freire foi indicado secretário de Educação de São Paulo.

Em 1986, sua esposa Elza morreu e Freire casou com Maria Araújo Freire, que também seguiu seu programa educacional.

Em 1991, o Instituto Paulo Freire foi fundado em São Paulo para estender e elaborar suas teorias sobre educação popular. O instituto mantém os arquivos de Paulo Freire.

Freire morreu de um ataque cardíaco em 2 de maio de 1997, às 6h53, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, devido a complicações na operação de desobstrução de artérias, mas teve um infarto.

Primeiros trabalhosNo início da década de 1960 montou, no estado de Pernambuco, um plano de alfabetização de adultos que serviu de base ao desenvolvimento do que se denominou Método Paulo Freire de alfabetização popular, reconhecido internacionalmente.

Durante o regime militar de 1964, por sua afiliação marxista, Paulo Freire foi considerado subversivo, foi preso e depois exilado, tendo assim de interromper a Campanha Nacional de Alfabetização, a qual liderava com o apoio de João Goulart, quando este foi presidente.

Com a anistia, na década de 1980, retornou ao país, tendo dirigido a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo durante a administração de Luiza Erundina (1989-1993).

A Pedagogia da Libertação

Paulo Freire delineou uma Pedagogia da Libertação, intimamente relacionada com a visão marxista do Terceiro Mundo e das consideradas classes oprimidas na tentativa de elucidá-las e conscientizá-las politicamente. As suas maiores contribuições foram no campo da educação popular para a alfabetização e a conscientização política de jovens e adultos operários, chegando a influenciar em movimentos como os das Comunidades Eclesiais de Base (CEB).

No entanto, a obra de Paulo Freire ultrapassa esse espaço e atinge toda a educação, sempre com o conceito básico de que não existe uma educação neutra: segundo a sua visão, toda a educação é, em si, política.

Palavras (articuladoras do pensamento crítico) e a pedagogia da pergunta, são princípios da pedagogia de Paulo Freire.

Obras
1959: Educação e atualidade brasileira. Recife: Universidade Federal do Recife, 139p. (tese de concurso público para a cadeira de História e Filosofia da Educação de Belas Artes de Pernambuco).
1961: A propósito de uma administração. Recife: Imprensa Universitária, 90p.
1963: Alfabetização e conscientização. Porto Alegre: Editora Emma.
1967: Educação como prática da liberdade. Introdução de Francisco C. Weffort. Rio de Janeiro: Paz e Terra, (19 ed., 1989, 150 p).
1968: Educação e conscientização: extencionismo rural. Cuernavaca (México): CIDOC/Cuaderno 25, 320 p.
1970: Pedagogia do oprimido. New York: Herder & Herder, 1970 (manuscrito em português de 1968). Publicado com Prefácio de Ernani Maria Fiori. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 218 p., (23 ed., 1994, 184 p.).
1971: Extensão ou comunicação?. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1971. 93 p.
1976: Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Tradução de Claudia Schilling, Buenos Aires: Tierra Nueva, 1975. Publicado também no Rio de Janeiro, Paz e terra, 149 p. (8. ed., 1987).
1977: Cartas à Guiné-Bissau. Registros de uma experiência em processo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, (4 ed., 1984), 173 p.
1978: Os cristãos e a libertação dos oprimidos. Lisboa: Edições BASE, 49 p.
1979: Consciência e história: a práxis educativa de Paulo Freire (antologia). São Paulo: Loyola.
1979: Multinacionais e trabalhadores no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 226 p.
1980: Quatro cartas aos animadores e às animadoras culturais. República de São Tomé e Príncipe: Ministério da Educação e Desportos, São Tomé.
1980: Conscientização: teoria e prática da libertação; uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Moraes, 102 p.
1981: Ideologia e educação: reflexões sobre a não neutralidade da educação. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
1981: Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
1982: A importância do ato de ler (em três artigos que se completam). Prefácio de Antonio Joaquim Severino. São Paulo: Cortez/ Autores Associados. (26. ed., 1991). 96 p. (Coleção polêmica do nosso tempo).
1982: Sobre educação (Diálogos), Vol. 1. Rio de Janeiro: Paz e Terra ( 3 ed., 1984), 132 p. (Educação e comunicação, 9).
1982: Educação popular. Lins (SP): Todos Irmãos. 38 p.
1983: Cultura popular, educação popular.
1985: Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 3ª Edição
1986: Fazer escola conhecendo a vida. Papirus.
1987: Aprendendo com a própria história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 168 p. (Educação e Comunicação; v.19).
1988: Na escola que fazemos: uma reflexão interdisciplinar em educação popular. Vozes.
1989: Que fazer: teoria e prática em educação popular. Vozes.
1990: Conversando con educadores. Montevideo (Uruguai): Roca Viva.
1990: Alfabetização - Leitura do mundo, leitura da palavra. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
1991: A educação na cidade. São Paulo: Cortez, 144 p.
1992: Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra (3 ed. 1994), 245 p.
1993: Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho d'água. (6 ed. 1995), 127 p.
1993: Política e educação: ensaios. São Paulo: Cortez, 119 p.
1994: Cartas a Cristina. Prefácio de Adriano S. Nogueira; notas de Ana Maria Araújo Freire. São Paulo: Paz e Terra. 334 p.
1994: Essa escola chamada vida. São Paulo: Ática, 1985; 8ª edição.
1995: À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho d'água, 120 p.
1995: Pedagogia: diálogo e conflito. São Paulo: Editora Cortez.
1996: Medo e ousadia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987; 5ª Edição.
1996: Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
2000: Pedagogia da indignação – cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 134 p.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Freire

[:] TIÃO ROCHA, UMA INSPIRAÇÃO

" Todo mundo pode mudar o mundo"

Depois de conhecermos o ganhador do prêmio Empreendedor Social 2007 : Tião Rocha através de uma excelente entrevista feita pela revista Caros Amigos no mês de agosto, foi inevitável aprender com seu projeto. Juntando o sentimento de indignação que vem tomando conta de nossos corações nos últimos meses, pois, temos feito alguns trabalhos de sociologia que nos permitiu ver bem de perto muito do que aprendemos na teoria, decidimos então colocar em prática a vontade de fazer a diferença.

Sendo Tião um seguidor de Paulo Freire a identificação foi imediata. Nós estudantes de cursos de Licenciatura, professores em formação percebemos que uma parte do grande problema da educação pública brasileira vem da má formação de professores. Pois nem todos que estão matriculados em cursos de licenciatura têm consciência de seu papel de agente transformador da sociedade. Sendo assim precisamos ajustar a base.

Com o apoio de amigos de classe criamos o PROJETO EDUCAR É CONTAGIANTE!
Esperamos através dele transformar a dura realidade da educação pública brasileira.
Todos que se interessam pela melhoria da educação estão convidados a participar. Por favor contribuam com idéias, textos, notícias... enfim com tudo de bom que pode ser compartilhado e utilizado para melhorar a formação de nossos professores. Precisamos concientizar para melhorar!

Conheça mais sobre Tião Rocha


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