26 maio, 2015

[:] ECONTRO DE EDUCADORES DO PROJETO POPULAR

Sobre fortalecimentos e inspirações.

Participar do encontro com os Educadores (as) do Projeto Popular, foi muito intenso e inspirador. Um encontro de angústias, ideias e esperanças. Reflexões e conjunturas sobre o atual estado da nossa educação pública e a greve. Diálogos entrelaçados por sonhos e alianças, simbolizando e esperançando alternativas, caminhos, percursos.

É muito bom olhar para o lado e não se ver só, pois a caminhada é árdua, dura e longa. Queremos mudanças verdadeiras, concretas, que realmente reorganize a injusta geografia das coisas, para tal objetivo precisamos de organização e união. E foi justamente o senso de coletividade, que mais me chamou a atenção no grupo desde o início. A coletividade proporciona a sensação de segurança, que por sua vez é uma base forjadora de coragem, tão necessária nesse momento.

Acredito muito na vibração das pessoas, cada um vibra de um jeito. Algumas vibrações se encontram, outras não. Tal como as cores, algumas pessoas no provocam emoções positivas e outras negativas. Vejo que nesse nosso encontro de sábado houve uma total sintonia e harmonia entre ritmos e coloridos.  Vibramos juntos, combinando estratégias e alinhando posturas para alcançarmos alguns objetivos em comum. Dentre eles, uma educação pública de qualidade que empodere o cidadão, a cidadã e atenda as demandas de cada grupo social cruelmente excluído pela sociedade capitalista.

É difícil encontrar palavras para descrever tamanho contentamento e felicidade que senti nessa tarde de sábado. Talvez poderia resumir tudo em apenas uma: gratidão!

Com muito xêru!
Inté e Axé!

Karina Guedes



16 abril, 2015

[:] Porque os professores de São Paulo estão em greve há 32 dias?

A pauta de reivindicações é extensa e angustiante. É importante ressaltar que os professores pedem não apenas reajuste salarial, mas também melhores condições de trabalho, o que implica em melhores condições de estudo para os estudantes. Por exemplo, ao pedir que sejam matriculados apenas 25 alunos por sala, uma vez que é impossível desenvolver qualquer trabalho significativo nas atuais turmas de 45-50, quem se beneficia é principalmente o estudante. Pois, terá aulas com mais qualidade e um melhor aproveitamento de estudos. E é esse o ponto mais importante a ser observado, toda a luta do professor é para que ele simplesmente consiga trabalhar, consiga lecionar e cumprir o seu papel de agente transformador da sociedade. Talvez isso incomode tanto, né? Porque nosso trabalho é ajudar o jovem a desenvolver o pensamento e construir conhecimentos. A quem interessa uma juventude pensante?

Sim, é verdade que a remuneração justa é parte fundamental da pauta. Quem estaria satisfeito em ter cursado ensino superior e nas atuais condições impostas pelo governo estadual de SP, receber menos do que qualquer outro servidor público com o mesmo grau de formação? A equiparação salarial é uma forma de respeitar os direitos trabalhistas do professorado.

Outra reivindicação é o fim do corte de verbas que as escolas sofreram no início do ano. Em janeiro, o governo estadual cortou 30% de uma das principais verbas que as escolas recebem para a manutenção geral dos prédios e compra de material de uso diário. Em algumas escolas falta até papel higiênico. Isso é um absurdo, uma vez que moramos no estado que arrecada o maior PIB do país. 
O governo alega que o corte geral nas verbas dá–se por conta da atual crise. O cômico desse argumento é que nesse mesmo ano de 2015, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) aumentou o seu próprio salário e de seus secretários, que já são salários equiparados com os dos outros parlamentares de outros estados, só pra lembrar. Outra justificativa que vem sendo repetida como um mantra na grande mídia,  é que nos últimos quatros anos foi feito um reajuste de 45% no salário dos professores, mas ninguém explica que esse valor diluído ao longo desses quatro anos não supera a inflação, ou seja, não adiantou nada, os professores ainda ganham menos do que deveriam ganhar. 

No entanto, como já foi dito, a greve não é apenas por causa do reajuste salarial e questões financeiras, é também por uma escola onde seja realmente possível estudar e trabalhar. As escolas da rede estadual de SP, sobretudo as escolas periféricas encontram-se abandonadas.
As degradações são muitas, o desestruturado sistema de ensino no qual os professores dessa rede são obrigados a trabalhar, apresenta inúmeras falhas que comprometem não apenas o aprendizado do estudante mas também a saúde física e emocional do professor. 

Hoje, temos em todo o estado muitos professores afastados por doenças decorrentes da pesada e desumana carga de trabalho, pois para complementar a renda, uma vez que o salário base é insuficiente, são obrigados a duplicar sua jornada trabalhando nas redes de ensino particular, ou até mesmo em outras áreas como: o comércio ambulante na venda cachorro quente, pipoca, artesanato, etc.

Dentre os argumentos furados, com que o governo paulista tenta justificar sua negligência, está o tal bônus que alguns professores receberam. O atual sistema de bonificação, que funciona na realidade como um sistema de produção de analfabetos funcionais, não atende as necessidades financeiras. e atinge a estrutura de ensino. Uma vez que em função de se cumprir as metas estabelecidas para o recebimento do tal “bônus”, as escolas precarizam as práticas de ensino e aprendizado, limitando –se a decoreba das famosas apostilas. Ora, decorar não é saber. Quem decora, esquece. Quem que aprende, sabe para a vida toda. Uma amostra dessa incoerência, é que as mesmas escolas que ganham tal bonificação, colocam todo ano no mercado de trabalho centenas de analfabetos funcionais. Ou seja, se tivessem aprendido de verdade, dentro de uma proposta pedagógica que visasse a construção do conhecimento, dificilmente teríamos que encarar esse dado nefasto. 

Eu poderia ficar aqui por páginas e páginas relatando os problemas e dificuldades que o professor, que se encoraja a trabalhar numa escola pública, enfrenta atualmente. Mas preciso citar outras coisas.
O fato indiscutível aqui é que motivos para entrar em greve não falta, senhor governador!!!
Os professores entraram em greve porque não tiveram outra alternativa. Afinal, como mostrar ao seu empregador que você não vai se sujeitar a trabalhar de forma quase que escrava? 

Desde o dia 13, mas de 30 mil professores estão longe das salas de aulas, levantando o movimento grevista em todo o estado, essa greve vem se tornando uma verdadeira queda de braço entre empregador e trabalhador. O governo por sua vez, vem tomando algumas medidas estapafúrdias na tentativa de enfraquecer e desmoralizar o nosso movimento. A começar, pelo silêncio da mídia que trabalha a seu favor. Desde o início da greve vários atos e protestos têm acontecido em todo o estado, mas a imprensa a mando de seu capataz, simplesmente finge que não está acontecendo. A imprensa golpista, simplesmente não fala da greve e quando fala é a favor do governo, repetindo o mantra do reajuste fictício dos 45%.  Todavia, através da internet com seus blogs de mídia alternativa e redes sociais, o movimento ganhou força e repercussão nacional. 

Na tentativa de tentar esconder a greve dos olhos da população, o governo estatual, tomou algumas medidas como: 
  • O lançamento de um cadastro emergencial para que qualquer estudante desde o primeiro ano, de qualquer curso universitário, possa atuar como professor eventual em nossas escolas. Dessa maneira, os estudantes não teriam motivos para faltar e fortalecer o movimento. Porém, o que poucos sabem, é que essas aulas não acontecem, simplesmente porque essas pessoas não têm preparo nenhum para lecionar. Pense bem no absurdo dessa medida, você faria uma cirurgia com um estudante do primeiro ano de medicina? Deixaria seu filho fazer? Então...
  • Como se não bastasse, as escolas receberam uma circular vinda das diretorias de ensino, onde o diretor é obrigado a colocar eventual em sala de aula, ou na falta de um ir ele mesmo dar aula. 
  • Alguns pais estavam se recusando a deixar seus filhos irem para escola apenas para matar o tempo, uma vez que essas aulas com eventuais não estão acontecendo de fato. A resposta veio na lata, as escolas receberem um documento da secretaria da educação dizendo que se não levasse seus filhos na escola, o conselho tutelar seria acionado. 
Além dessas ações de assédio moral, o nosso governador insiste em ignorar a greve dos professores, dando declarações na mídia de que a greve não existe ou que todo esse movimento é injustificado. 
Ora, se depois de tudo o que foi relatado aqui, alguém em sã consciência concordar com essa estupidez do governador Geraldo Alckmin (PSDB), receio que o futuro do nosso sistema de ensino não só está comprometido, como não existe. Morreu e nos esquecemos de enterrá-lo.



A pauta completa no cartaz da APEOESP:


01 março, 2015

[:] EDUCAR É CONTAGIANTE! Uma trajetória.

Querido visitante,

Este blog é destinado aos educadores que estão dispostos a exercer seu papel de agente transformador da sociedade, fazendo da educação e da arte importantes ferramentas na luta contra as desigualdades sociais.

A ideia primária do "Projeto Educar é Contagiante", é ter um ponto de encontro para partilha de reflexões, para compartilhamento informações que acrescentem nossa formação, ou seja, uma ponte para o diálogo, troca de ideias e ações coletivas.

Por motivos diversos, acontece de em alguns momentos nos sentirmos sozinhos em nossa jornada como educadores, seja nas unidades escolares e espaços educativos em que atuamos ou nos momentos em que paramos para refletir sobre nossa trajetória, o que já tentamos e onde queremos chegar.
As demandas do cotidiano nas práticas educativas são muitas e também complexas, tornando difícil manter o entusiasmo sempre. Sendo assim, é importante o encontro com parceiros cujas ideias e ideais são semelhantes ou iguais ao nossos. Para que possamos somar, crescer e fortalecer nossas bases e continuar na luta. A carreira no magistério não é fácil, é uma vida de luta diária, do micro ao macro, lutamos por uma aula melhor, uma escola melhor, uma sociedade melhor, mais justa e igualitária. Trata-se de uma luta árdua e diária. Foi pensando em tudo isso, que esse blog nasceu.

 E de onde vem o "Educar é Contagiante"?

Bem, senta que lá vem história...

Desde de 2007/ 2008, quando eu ainda estava na faculdade, venho tentando fazer esse projeto de blog/ponte/ liga/roda de conversa, acontecer. A ideia surgiu a partir da imensa insatisfação que eu sentia com aulas de "Práticas de Ensino" na facul, cuja proposta pedagógica contemplada no currículo acadêmico estava longe de ser transformadora. E eu não sabia exatamente porquê mas na minha cachola, educação tem que ser uma prática transformadora e todo aquele monte de boboseira sobre burocracia escolar que nos era passado não tinha nada de prático e muito menos de transformador. Sério, era uma coisa surreal os assuntos abordados neste disciplina, óbvio que o que era colocado ali era muito mais a visão limitada da professora em questão do que o propósito mesmo da disciplina, mas enfim, não rolou.

Ao conversar com outros colegas percebi que essa insatisfação não era somente minha, então surgiu a ideia do blog para trocas de ideias e compartilhamento de informações relacionadas à educação. Foi difícil conseguir parceiros, pois apesar das angústias coletivas cada um tinha seus interesses e projetos pessoais e  escrever para um blog dá trabalho e toma tempo. Mesmo assim, alguns colegas entraram para o projeto e contribuíram muito!! Desde a publicação de posts à encontros presenciais com ideias e trocas riquíssimas. Durante o período em que estávsmos todos na faculdade, o "Projeto Educar é Contagiante" fluiu bem e foi muito interessante as trocas e vivências com cada pessoa que somou e contibui com essa ideia.

 A vontade de atuar de forma transformadora em sala de aula triplicou quando participamos de um Curso de Formação em Educação Popular, oferecido pelos alunos do DAMAC (Diretório Acadêmico Mackenzie) em parceria com o Instituto Paulo Freire. Pessoas incríveis de falas inspiradoras como Júnior Pacheco (Instituto Paulo Freire) e Márcio Farias (Estudante de Pedagogia- Makenzie), conseguiram nos contagiar e nos apontar caminhos absolutamente possíveis para o tipo de educação em que acreditamos. A última aula sobre projetos e sistematização foi incrível. Saímos de lá muito empolgados e o nosso projeto que já estava germinando ganhou corpo e forma. E a partir daí nos colocamos o desafio de concretizar algumas ações, inclusive de tentar levar para a faculdade o nosso Projeto Educar é Contagiante! e organizar rodas de conversas com os estudantes das outras licenciaturas, para termos trocas e reflexões mais aprofundadas sobre educação e tals.

Mas infelizmente nessa iniciativa não obtivemos êxito, a visão da faculdade particular em que estudávamos não estava alinhada com o que nós estudantes contagiados pelo bichinnho da educação progressista e transformadora estávamos buscando, então continuamos seguindo nossos estudos aprofundados sozinhos. Afinal, depois do Curso de Educação Popular que fizemos, ficou ainda mais claro que é preciso uma conscientização mais profunda dos estudantes de cursos de licenciatura, para que eles saiam da faculdade conscientes de seu papel de agente transformador da sociedade e mais preparados tanto para enfrentar os desafios do cotiadiano escolar, que são muitos, assim como do magistério como um todo.

Depois da faculdade veio dura realidade da vida de professor...

Apesar de toda a vontade de transformação de todos educadores que somaram com esse projeto, nem todos puderam continuar a caminhada aqui. Cada um com seus motivos pessoais, foram partindo e buscando outros caminhos. Bem, eu fiquei! Afinal foi da minha cachola que saiu a ideia de criar um projeto, um blog e tals. Senti que seria minha missão continuar ao menos com o blog e ir organizando ações na medida do possível. Muita coisa aconteceu desde a época da faculdade e pelo projeto ter tomado um novo rumo, muitos posts antigos que traziam questões pertinentes à aquele momento inical foram retirados. Mantive apenas aquilo que ainda é pulsante e tangente para nossas reflexões atuais.

Hoje em dia uso este espaço aqui no blog para compartilhar minhas experiencias e reflexões como educadora. Obviamente a porta estará sempre aberta para o retorno e retomada das parcerias.
E aproveito para deixar aqui aqui o convite aos educadores que simpatizam com as ideias colocadas e queiram de alguma forma contribuir, participar e dialogar. O Projeto Educar é Contagiante! é acima de tudo um agito em constante transformação e que está na luta por uma educação de qualidade, igualitária e popular para todos e todas!

Bora somar!

Um forte abraço.

Karina Guedes
Sonhadora de nascência, professora por opção. ;-)


Contato: paulofreirar@gmail.com

08 fevereiro, 2015

[:] NOVAS TECNOLOGIAS NA APRENDIZAGEM . CURSOS GRATUITOS

"A escola não deveria estar à parte do mundo real, que hoje é digitalizado." 

 Hummm, você concorda com a frase acima? Vamos refletir sobre isso...

Quando falamos em tecnologia pensamos automaticamente nas coisas do nosso tempo e nos atentamos ao que é digital, porém nos esquecemos de que a tecnologia acompanha o ser humano desde sua existência. Sempre construímos tecnologia, desde um simples objeto de corte, roda, escrita, até foguetes espaciais. Tudo o que construímos para tornar a vida mais fácil, mais dinâmica e aproveitar melhor o tempo, podemos chamar de tecnologia. 

Sendo assim, na educação usamos tecnologias há muito tempo, papel, caneta, quadro, livros, tv, computador, etc. Vivemos numa época em que tudo muda muito rápido, é difícil acompanhar tantas mudanças. Hoje vivemos a chamada era da informação, mas o que seria isso?
Acredito que informação é diferente de conhecimento. Não basta obter informação, é preciso saber o que se faz com ela. Podemos desenvolver um pensamento, produzir um conhecimento a partir das informações que obtemos e que hoje são inúmeras e de fácil acesso. 

Isso leva o educador, que tem em sua sala de aula um nativo digital,  a necessidade de entender esse processo e buscar a melhor forma de orientar os educandos para essa nova era. Sendo assim o letramento digital se faz necessário hoje tanto quanto a alfabetização. Cabe ao educador (a), independente da área de atuação, encontrar meios de dialogar com as novas tecnologias. E essa questão abre também um debate interessante a respeito do momento certo que se deve iniciar esse letramento digital. Qual seria a idade ideal? Em qual etapa da vida escolar? São questões para refletirmos. O uso das novas tecnologias em sala de aula é inevitável, em algum momento do processo de ensino-aprendizagem vamos fazer uso de alguma delas. A questão que se coloca é como fazer isso de modo que este uso seja benéfico para o educando e para o educador ?

O primeiro passo seria então, buscar formação na área, para melhor compreendermos o funcionamento dessas novas tecnologias e até que ponto elas podem nos ajudar em nosso cotidiano escolar. Pesquisando sobre formação na área de novas tecnologias e educação, encontrei uma plataforma bem interessante e fiz alguns cursos ofertados gratuitamente, gostei muito. 
Deixo o link no final do post para quem se interessar em aprender um pouco mais sobre esse tema.

E para terminar gostaria de deixar aqui uma ressalva, eu particularmente apoio o uso de novas tecnologias em sala de aula e acho fundamental aprendermos a utilizá-las até porque em muitas situações elas nos poupam um trabalhão enorme. Mas para que possamos fazer uso dessas ferramentas digitais, é preciso que as escolas e espaços educativos onde atuamos, estejam devidamente equipados. Não adianta só o professor ter o conhecimento técnico se ele não tiver as ferramentas apropriadas, funcionando devidamente para poder trabalhar. E o segundo ponto que gostaria de ressaltar é que não acho interessante promover o chamado letramento digital antes dos 10 anos de idade. Penso que primeiro a criança precisa dominar a leitura e escrita nas plataformas tradicionais, como o livro impresso, por exemplo. Para posteriormente ser instruída no universo digital e vivenciar todas as possibilidades de fruição estética, lírica e lógica, que tal universo possa nos proporcionar. Não sou especialista em Ensino Fundamental I, mas esse é meu palpite. 

Inté e boa aula para todos nós!


Site mencionado: http://www.apoioaoprofessor.com.br 

 Karina Guedes