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16 dezembro, 2012

[:] CICLO DE PALAESTRAS - “Experiências onírico-musicais em uma aldeia A’uwẽ-xavante”

Olá,

Hoje vou compartilhar com vocês um pouco do que foi o ciclo de palestras “Experiências onírico-musicais em uma aldeia A’uwẽ-xavante”, que aconteceu lá na escola de Astrofísica no Parque do Ibirapuera, organizado pela UMAPAZ (Universidade do Meio Ambiente). 

Como uma boa roda de conversa, cada uma das palestras fluiu como um enriquecedor encontro de saberes e reflexões profundas. O palestrante Arthur Iraçu A. Fuscaldo compartilhou um pouco da sua vivência e pesquisa numa aldeia A’uwẽ-xavante no sul do Mato Grosso, onde pode acompanhar atividades onírico-musicais e processos de construção de conhecimento a elas vinculados.

O destaque dado a esses estudos na aldeia foi para noção de pegar cantos nos sonhos. Na aldeia A’uwẽ-xavante essa é uma obrigação social masculina, os meninos em determinada idade são iniciados em um ritual para poder pegar essas cantos nos sonhos e compartilhar com a aldeia. É interessante perceber como o estatuto do sonho para eles é muito diferente do que compreendemos como sonho na cultura ocidental. O valor dado ao sonho é outro, todo o desenvolvimento desse trabalho dos meninos tem foco na escuta, ou seja, desenvolve-se a escuta dentro do sonho, algo bem diferente da visão ocidental da experiência do sonho, sempre focada nas imagens que o sonho traz.

Depois desses três encontros transformadores, ficaram muitos conhecimentos novos para processar, assim como muitas questões para refletir e tentar compreender. Achei muito interessante cada uma das palestras. Quanto mais estudo e pesquiso sobre os povos tradicionais, sobre as culturas indígenas e sobre as culturas africanas, mais evidente fica o quanto somos ignorantes em relação a elas. Precisamos aprender mais, conhecer mais, mas não no sentido de aprender sobre essas culturas, mas sim no sentido de aprender com elas.

Inté.
Karina Guedes


Segue, o cronograma do ciclo e assuntos abordados:

“Experiências onírico-musicais em uma aldeia A’uwẽ-xavante”

Escola Municipal de Astrofísica

Palestra 1: dia 28/11, das 14h às 16h
Tema: “Música, Sonho e Conhecimento entre os A’uwẽ-Xavante”
Aborda a fundamental interação existente, na experiência onírico-musical a’uwẽ, entre o que entendemos como sonho, música e conhecimento, buscando entender ali o estatuto de tais conceitos. Para tanto, são apresentados elementos das experiências de campo nas aldeias, como relatos e explicações de homens xavante referentes a sonhos com cantos; imagens relacionadas a tais relatos ou aos cantos-danças-rituais; gravações de áudio e aspectos da língua a’uwẽ, fontes para compreensão e discussão de suas concepções.


Palestra 2: dia 5/12, das 14h às 16h
Tema: “Sobre os Cantos A’uwẽ-Xavante”
De onde vêm os cantos a’uwẽ? Quais são os tipos e funções dos cantos ali presentes? Como se vinculam às concepções cosmológicas e como estão inseridos no dia-a-dia dos indígenas? Como sua prática musical se relaciona com novos elementos conhecidos com estrangeiros, como os não-indígenas?
Estas são perguntas que nortearão a palestra e, como nas anteriores, o principal referencial para o desenvolvimento da explanação serão registros das estadias nas aldeias xavante e referenciais teóricos da Antropologia, Etnomusicologia e Filosofia.

Palestra 3: dia 12/12, das 14h às 16h
Tema: “Autonomia, Corporalidade e Experiência Estética na Educação das Crianças Xavante”
É notável o estimulo ao desenvolvimento de independência e autonomia nas relações que a comunidade xavante estabelece com suas crianças, o que pode ser percebido em diferentes situações do cotidiano da aldeia. Tal estímulo é determinante para o desenvolvimento psicofísico de meninos e meninas desde as primeiras idades e se vincula a diferentes experiências estéticas e rituais. Tais aspectos serão enfocados nesta palestra, para a qual registros de situações cotidianas de aldeia a’uwẽ (xavante) possibilitarão diálogos com referenciais das áreas de Etnologia, Artes e Educação.


Facilitação - Arthur Iraçu Amaral Fuscaldo: Músico, pesquisador e educador. Licenciado em Educação Artística com Habilitação em Música, pela UNESP. Desenvolveu pesquisa de Mestrado sobre atividades musicais e oníricas dos indígenas A'uwẽ Uptabi (Xavante) da aldeia Eteniritipa; pela UNESP, com financiamento FAPESP. Atualmente atua como músico e professor de ensino superior.

30 setembro, 2010

[:] CURSO DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES POPULARES





Simplesmente intenso e transformador! Este curso foi muito, muito bom!
Tentarei compartilhar um pouco do que nós (Integrantes do Projeto Educar é Contagiante!) vivenciamos nesse último mês.


A intenção dos organizadores do curso foi instrumentalizar estudantes que tenham alguma atuação em suas comunidades, movimentos sociais, ONGs, pastorais sociais e outras instituições da sociedade civil, com a concepção teórico-metodológico da educação popular crítica.

Na assessoria pedagógica, Júnior Pacheco, Mestrando em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Bacharelado e Licenciatura em História pela PUC-SP e Bacharelado em Sociologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Possui experiência em educação popular, formação política, metodologia freiriana, projetos de metodologia participativa, formação em organizações populares, projetos de democracia participativa, projetos vinculados à extensão universitária (formação de educadores populares), educação informal e trabalhou junto ao Instituto Paulo Freire.

Esse curso foi uma experiência extremamente gratificante, uma vez que no currículo da Licenciatura em Letras, temos pouco espaço para o estudo da obra de Paulo Freire, o que considero uma pena. Acredito que o estudo da vida e obra de Paulo Freire deveria ser uma disciplina na grade curricular. Simples assim.

O educador Junior Pacheco demonstrou com práticas diversas, como a educação pode ser democrática, como pode ser a postura de um educador que não se coloca como detentor do conhecimento. As práticas dele ao longo dos quatro dias de curso mostraram um educador que sabe trabalhar a partir do conhecimento de mundo do sujeito. Só pelo fato de observarmos seus métodos de ensino-aprendizagem, já foi possível aprender muito da concepção de educação freiriana.

A proposta de educação libertadora de Paulo Freire permite ao educador inúmeras reflexões a respeito da prática educativa cotidiana e sobretudo das funções da educação. É preciso ter consciência de nossos objetivos pessoais com a educação. Para que educamos? Quem educamos? Por que educamos?

Durante o curso de Licenciatura, somos bombardeados por teorias educacionais, mas quase não temos tempo para refletir as estruturas da sociedade em que vivemos. Afinal se a função da escola é formar cidadão para a sociedade, deveríamos primeiro estudar que sociedade é essa, como ela se constrói e se estrutura para depois começarmos a pensar que tipo cidadãos desejamos formar.

De acordo com a concepção de educação formulada por Paulo Freire, denominada por ele como Libertadora, Humanista, Democrática, permite ao sujeito reconstruir a sua  história, refazer as estruturas sociais, ser educado num processo contínuo de transformação, onde a busca por igualdade nunca cessa. A Educação Libertadora crê no ser humano como transformador da realidade. Onde através de uma leitura plural do mundo possibilita um desenvolvimento plural do ser humano.

Ficamos muito entusiasmados com esta experiência e obviamente as reflexões colocadas nos acompanharão ao logo de nossa jornada como educadores. Bem, ao menos assim esperamos. 

Segue o programa do curso, para quem nos acompanha nesta jornada de formação enquanto educadores e tem interesse em dialogar sobre os assutos abordados. 


Programa do curso


  • 1º Encontro. Dia 11 de setembro
Tema: Apresentação da proposta de formação
Conteúdos: Apresentação das propostas e dos envolvidos; reflexão sobre o significado de ser educador popular na perspectiva freiriana
Tempo: 4 horas

Tema: Concepções de Educação
Conteúdos: Significado da educação na sociedade; construção coletiva de um conceito de educação; reflexão sobre as concepções tradicional, liberal, técnico-burocrática e dialética; A concepção dialética de Educação
Tempo: 4 horas

  • 2º Encontro. Dia 12 de setembro
Tema: Introdução ao pensamento de Paulo Freire – Fundamentos teóricos
Conteúdos: Vida de Paulo Freire; A Pedagogia do Oprimido – fundamentação teórica e representação histórica; Educar exige... reflexão sobre a Pedagogia da Autonomia
Tempo: 4 horas

Tema: Introdução ao pensamento de Paulo Freire – Concepção metodológica
Conteúdos: Reflexão e vivência das categorias freirianas – Leitura de Mundo, Dialogicidade, Temas Geradores, situações-limite, inédito viável, práxis.
Tempo: 4 horas

  • 3ºEncontro. Dia 17 de setembro
Tema: Educação e Cultura
Conteúdos: Conceito de cultura; relação entre cultura e educação popular; Cultura e leitura do mundo; Cultura do Povo / Cultura Popular
Tempo: 4 horas

Tema: Educação Popular
Conteúdos: História da educação popular; construção coletiva de um conceito de educação popular, fundamentado nas reflexões anteriores; Educação de adultos, educação não-formal e educação popular
Tempo: 4 horas
  
  • 4º Encontro. Dia 18 de setembro
Tema: Construção de planejamento em educação popular
Conteúdos: Passo-a-passo para construção de planejamentos em educação popular; organização das atividades de intervenção e acompanhamento
Tempo: 4 horas

Tema: Sistematização, avaliação e pesquisa participante
Conteúdos: elaboração de propostas que sistematizem as atividades programadas pelos educadores
Tempo: 4 horas 
  • Total 32 horas.


Esperamos que estas linhas contribuam também com as reflexões de cada educador que nos acompanha neste blog.

Inté!
Karina Guedes

08 setembro, 2010

[:] CURSO PRESENÇA LATINO-AMEFRICANA - Artereflexão


Olá,

Terminou nesse sábado mais um per-curso, trilhado junto às Edições Toró, Expedição Donde Miras, CDHEP e o povo das várias quebradas que apareceu e compareceu.  A cada encontro uma nova perspectiva, uma nova direção para os olhares, outras visões de mundo completaram a roda. Foi tudo tão intenso, tão intenso, que a mente fervilha a cada lembrança de cada dia, de cada aula, de cada partilha. 

A qualidade dos conteúdos das aulas e a energia vital com que os educadores vinham trazer sua palavra, fizeram desses encontros um ritual do saber imensurável. Porque o pensar é constante e as reflexões colocadas em cada aula são pungentes no nosso cotidiano de gente brasileira, latino-amefricana. 

Foi enriquecedor, aprender e refletir juntos sobre essas questões urgentes que nos cercam e que de um modo geral tão pouco sabemos. Questões que não estão em mídias e menos ainda em conteúdos programáticos universitários, mas que são vivas e dolorosas para mentes pensantes que lutam para construir a cada dia uma organização social diferente, mais justa do que esta escravizante na qual somos automaticamente inseridos desde o nosso nascimento.

Esse foi o segundo per-curso que trilhei com o pessoal das Edições Toró, guiado pelo queridíssimo Allan da Rosa. Educador, poeta, pessoa iluminada, que admiro muito.

Quero registrar aqui nessas linhas meu pleno e eterno agradecimento aos educadores que compartilharam conosco seus saberes de maneira graciosa e de extrema boa vontade.

Agradeço também a todos os colegas que estiveram presentes completando a roda e colaborando para essa construção de pensamento livre, forte e de luta.

Saí de lá no último sábado me sentindo mais forte, mais confiante, com mil vezes mais vontade de continuar na luta, acreditando fortemente no poder do coletivo.

Esse foi o roteiro que per- cursamos. Se liga!

PRESENÇA LatinoAmeFRICANA –  Arte e reflexão 

Articulação pedagógica: Allan da Rosa 
Realização: Edições Toró, CDHEP, Expedição Donde Miras.  

Conteúdo:
  • Literatura Argentina Frente às Suas novas Vozes, com Lúcia Tennina.
  • Cultura que Brota da Terra: povos indígenas do Brasil e suas lutas pelo território no século XXI, com Spensy Pimentel.
  • Me Gritam Negra! Uma Incursão na Musicalidade Afro-peruana, com Danielle Almeida.
  • Salve Hermanos!!! Hip Hop e(m) Cuba, com Matheus Subverso.
  • Cuba e Haiti: Atlântico Negro, Culturas e Interpretações, com Amailton Azevedo.
  • No Chão da Martinica, a Palavra de Noite, com Luciana Antunes Costa.
  • A Mátria das Cordilheiras, Mar, Pampa, Sierra, Selva e  Sertão: arte & re-existência, com Marcos Ferreira Santos.
  • Teatro, Negro, no Brasil: do TEN ao Bando Olodum, com Evani Tavares.
  • Revolução? Movimento Zapatista e Literatura das Margens Mexicanas, com Alejandro Reyes.
  • Cinemas Afro-sulamericanos, com Lilian Solá Santiago.
       
Valeu mesmo!!!!!!!!


Karina Guedes




20 junho, 2010

[:] CURSO RESISTÊNCIA E ANUNCIAÇÃO - ARTE E POLÍTICA PRETA


Olá,

Venho aqui compartilhar mais uma experiência dessa jornada em busca de formação, para sermos educadores melhores neste nossa Brasilzão. Participei neste último mês de maio e começo de junho do curso “Resistência e Anunciação – Arte e política preta”, realizado pelo Grupo Capoeira Angola Irmãos Guerreiros & Edições Toró.

Esse curso foi muito interessante, de muita qualidade e obviamente transformador. Muitas reflexões foram colocadas nas rodas de conversas. Trocas intensas e um inevitável estado de elevação de consciência ao término de cada encontro. 

E juntamente com essas reflexões, veio a constatação do quanto precisamos aprender muito ainda sobre nós mesmos, sobre o que é ser braileiro. Pois, apesar de sermos um povo que traz em sua matriz formadora a cultura africana, ainda estamos muito distantes de reconhecer nossas marcas negras. Isso se deve, dentre outros fatores, aos longos anos de uma história mal contada sobre a origem do povo brasileiro e a uma educação onde ainda impera o eurocentrismo.

A recente historiografia, juntamente com inúmeras pesquisas na área de arqueologia, as persistentes e expansivas manifestações artísticas com a temática da cultura africana, contribuem imensamente para mudanças de nossa visão sobre nós mesmos e das realidades negras que nos cercam. Apesar de toda essa transformação do olhar ainda ser um processo muito lento.

De toda forma, no que tange a educação já é possível observar algumas singelas e miúdas mudanças. Hoje em dia, por exemplo, temos a lei que determina o ensino da cultura afro-indígena nos conteúdos escolares como sendo obrigatório. É fato que uma lei por si só não altera realidades. O preconceito, a discriminação, o racismo, continuam pulsantes no cotidiano escolar e na sociedade, só quem sofre com eles sabe disso.  Ainda assim, mesmo consciente da complexidade da questão, ou melhor das questões levantadas ao longo do curso, gosto de olhar para essa mudança como um pequeno passo rumo às transformações desejadas. Porque ela traz o assunto para dentro das instituições de ensino superior e de uma forma ou de outra, bem ou mal, somos levados a iniciar uma reflexão sobre o assunto.  Sei também que isso não satisfaz cem por cento e muito menos, em hipótese alguma encerra a luta. 

Um exemplo de que ainda há muita luta pela frente é o próprio curso em questão, que vim contar pra vocês como foi. Cursos como esse de iniciativa independente, é uma amostra de quanto trabalho há pela frente. Outro ponto que não pude deixar de observar é que pela qualidade das aulas apresentadas e pelo elevado nível de debate que foi travado ao longo desses últimos fins de semana, é inegável reconhecer o quanto de gente competente e empenhada na pesquisa, nos estudos, na formação de pessoas (e educadores) mais conscientes, temos no Brasil. Como disse no começo do post, foi um curso incrível e transformador!

Gratidão!

Karina Guedes

Segue a programação do curso e assuntos abordados:
#racismo
#preconceito
#culturaafro
#educação
#educacao

24 outubro, 2009

[:] CURSO: QUEM CONTA UM CONTO?


Olá pessoal,

Vim comentar um pouco sobre o curso de contação de histórias na Cia.Paideia que acabei de terminar.

É difícil encontrar palavras para descrever esses dias de intensas trocas e sintonias. O ambiente, as pessoas, o propósito de estarmos reunidos ali em busca de um saber ancestral, tudo isso junto fez com que as horas e os dias passassem como num piscar de olhos, mas deixando a sensação de ter sido um momento eterno.

O curso “Quem conta um conto?” foi ministrado por Rosane Pamplona, Tininha Calazans, Luiza Lameirão, com o apoio dos integrantes da Cia. Paidéia de teatro. Cada uma delas trouxe um pouco da sua bagagem na literatura, arte e educação.

O curso foi totalmente prático, experimentamos o contar de histórias tanto como ouvintes quanto como narradores. Vivenciamos a experiência de mergulhar profundamente no universo mágico do conto maravilhoso. Brincamos, desenhamos, dramatizamos, cantamos, dançamos, nos divertimos muito para falar a verdade. Sempre saíamos dos encontros com um astral nas alturas.

As histórias do maravilhoso, as narrativas de tradição oral, têm esse poder de dialogar com nossas emoções mais íntimas.  E quando nos permitimos entrar em contato com este universo, vivenciamos um estado de consciência bem mais elevado, assim maravilhoso. Bem, como falei é difícil explicar... só experimentando para saber. Quer ouvir uma história? (rss.)

Não sei dizer se este curso irá acontecer novamente, mas fiquem de olho na programação da Cia. Paidéia de teatro.

Inté!
Karina Guedes


Website da Cia.Paidéia de Teatro : https://www.paideiabrasil.com.br/pt/cia-paideia-de-teatro/