Venho aqui compartilhar mais uma experiência dessa jornada
em busca de formação, para sermos educadores melhores neste nossa Brasilzão. Participei neste último mês de maio e começo de junho do
curso “Resistência e Anunciação – Arte e política preta”, realizado pelo Grupo
Capoeira Angola Irmãos Guerreiros & Edições Toró.
Esse curso foi muito interessante, de muita qualidade e
obviamente transformador. Muitas reflexões foram colocadas nas rodas de conversas. Trocas intensas e um inevitável estado de elevação de consciência ao término de cada encontro.
E juntamente com essas reflexões, veio a constatação do quanto precisamos
aprender muito ainda sobre nós mesmos, sobre o que é ser braileiro. Pois, apesar de sermos um povo que traz
em sua matriz formadora a cultura africana, ainda estamos muito distantes de
reconhecer nossas marcas negras. Isso se deve, dentre outros fatores, aos longos anos de uma história
mal contada sobre a origem do povo brasileiro e a uma educação onde ainda
impera o eurocentrismo.
A recente historiografia, juntamente com inúmeras pesquisas
na área de arqueologia, as persistentes e expansivas manifestações artísticas com
a temática da cultura africana, contribuem imensamente para mudanças de nossa
visão sobre nós mesmos e das realidades negras que nos cercam. Apesar de toda
essa transformação do olhar ainda ser um processo muito lento.
De toda forma, no que tange a educação já é possível observar algumas singelas e
miúdas mudanças. Hoje em dia, por exemplo, temos a lei que determina
o ensino da cultura afro-indígena nos conteúdos escolares como sendo
obrigatório. É fato que uma lei por si só não altera realidades. O preconceito,
a discriminação, o racismo, continuam pulsantes no cotidiano escolar e na
sociedade, só quem sofre com eles sabe disso. Ainda assim, mesmo consciente da complexidade
da questão, ou melhor das questões levantadas ao longo do curso, gosto de olhar
para essa mudança como um pequeno passo rumo às transformações desejadas.
Porque ela traz o assunto para dentro das instituições de ensino superior e de
uma forma ou de outra, bem ou mal, somos levados a iniciar uma reflexão sobre o assunto. Sei também que isso não satisfaz cem por cento
e muito menos, em hipótese alguma encerra a luta.
Um exemplo de que ainda há muita luta pela frente é o próprio curso em questão, que vim contar
pra vocês como foi. Cursos como esse de iniciativa independente, é uma amostra
de quanto trabalho há pela frente. Outro ponto que não pude deixar de observar é que pela qualidade das aulas apresentadas e pelo
elevado nível de debate que foi travado ao longo desses últimos fins de semana,
é inegável reconhecer o quanto de gente competente e empenhada na pesquisa, nos
estudos, na formação de pessoas (e educadores) mais conscientes, temos no
Brasil. Como disse no começo do post, foi um curso incrível e transformador!
Gratidão!
Karina Guedes
Segue a programação do curso e assuntos abordados:
#racismo
#preconceito
#culturaafro
#educação
#educacao
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