A primeira experiência. (Senta que lá vem história...)
Hoje vou estrear um #tbt aqui no blog e trazer um um pouco de alguns momentos importantes destes 11 anos de trajetória na educação.
O ano era 2008 e foi com a "Oficina de Leitura e Contação de Histórias Curumim", que comecei minha trajetória nos caminhos da educação. Eu estava bem no começo faculdade de Letras e ainda trabalhava na área comercial, era promotora da divisão marketing de uma grande instituição internacional e desenvolvi este projeto numa das unidades de assistência social da instituição. Era um trabalho voluntário realizado na minha hora de almoço. A proposta era contar histórias para as crianças assistidas pela instituição e promover atividades que as estimulassem a criar e contar suas próprias histórias.
O primeiro dia foi inesquecível. As crianças estavam empolgadíssimas e eu também, afinal, havia passado semanas preparando os materiais que seriam utilizados, escolhendo histórias, ensaiando, pesquisando muito a respeito, e claro, puxando da memória todas as experiências incríveis de contação de histórias que eu mesma já havia vivenciado quando criança.
Despois que nos apresentamos, nos organizamos para começar. Cantei uma música e peguei o baú de histórias para puxar a história "sorteada", fazendo todo um mistério e criando aquele clima que dialogava com a expectativa do momento. Quando desenrolei o pergaminho e anunciei o título "O Patinho feio", um bracinho se estendeu no meio da multidão e já foi logo dizendo:
-Tia, eu já conheço essa história.
E de repente um coro de "eu também" começou a ecoar. Meu coração palpitava e por alguns segundos a única coisa que consegui dizer foi:
- É mesmo?! - E olhava desesperadamente para aqueles rostinhos tentando encontrar uma saída para tal embaraçosa situação. Foi quando de repente soltei um "ah, mas esse é outro patinho, um bem mais feio do que essa história que vocês conhecem"; e num gesto de impulso e nervosismo comecei a inventar uma história ali na hora. Mas para não perder a atenção deles, pedia para que me ajudassem e conforme ia apresentando o "novo patinho", perguntava o que eles achavam que iria acontecer e mediante as respostas dadas, fui costurando uma história que improvisadamente ficou ao gosto do leitor. Ufa!
Quando acabou eles aplaudiram e sorriram, alguns vieram me abraçar. finalmente respirei aliviada e feliz por ter conseguido salvar a contação de histórias e garantir a alegria do dia.
Depois os convidei para ilustrar a história que tínhamos acabado de inventar.
Neste dia senti algo muito especial, como quem encontra sem querer um caminho, mas ainda não faz a menor ideia de como trilhá-lo. Aprendi tanto nessas poucas horas, mas o que ficou mais evidente pra mim com essa experiência foi ver que as crianças sentem quando estamos fazendo algo de coração, com entrega e respeito por elas e isso faz toda diferença para que um trabalho seja bem sucedido.
E se você um dia passar por uma situação parecida, não permita que o medo de falhar boicote a tua criatividade. Respire fundo, improvise e faça algo de coração.
Inté!
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